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Rousimar Palhares, o Toquinho, vai enfrentar Dan Miller no card preliminar do dia 27

Rousimar Palhares, o Toquinho, vai enfrentar Dan Miller no card preliminar do dia 27

15/08/2011 - 13h00

Toquinho relembra vida na roça e luta UFC Rio sonhando com cinturão de Anderson

Maurício Dehò
Em São Paulo

Rousimar Palhares, o Toquinho, tem uma história de vida que renderia filme. Após trabalhar na roça, ainda criança, ele conheceu o mundo das lutas. Sem teto para morar, fez por muitas vezes do tatame sua cama, mas tomou gosto pela coisa e cresceu no jiu-jítsu e depois no MMA, chegando ao maior evento da atualidade. Agora, ele tem a chance de duelar no UFC Rio, em só mais um passo de uma trajetória de superação: “Viver a vida que vivi e reclamar, seria injusto. Para melhorar, agora é só chegar ao cinturão”.

Após revés polêmico, a volta às vitórias

  • Os dois últimos combates de Toquinho foram de provações para ele. Em setembro de 2010, ele pegou um de seus mais duros rivais, Nate Marquardt e acabou derrotado por nocaute. O problema é que, antes disso, o brasileiro quase finalizou o norte-americano no chão. Ao ver o adversário “escorregar” por entre suas mãos, esboçou uma reclamação com o árbitro de que Marquardt teria passado vaselina no corpo. Foi então que o oponente aproveitou a distração de Toquinho, acertou-lhe com socos e definiu a vitória. Depois da luta, o brasileiro chegou a pedir desculpas da reclamação e aceitou o resultado. A redenção veio no seu combate mais recente, quando conseguiu sua especialidade, o “leglock”, e finalizou Dave Branch, em março.

Toquinho, 31, é um dos 14 brasileiros que pisará no octógono no próximo dia 27 de agosto, no Rio de Janeiro, e com um cartel de respeito no UFC é um dos que mais tem a lucrar com o apoio da torcida. Com cinco vitórias em sete lutas no evento, o peso médio construiu um nome de respeito, sendo colocado em desafios cada vez mais altos na mesma categoria em que o campeão é o astro Anderson Silva.

Mas, na infância, o trabalho não tinha nada em comum com o atual.  “Minha vida foi puxada. Sou de Dores do Indaiá (MG, 255 km de Belo Horizonte) e cresci com meus pais e dez irmãos”, conta ele. “Estudei até a quarta série. Tivemos que trabalhar desde cedo, para não passar tanta dificuldade, então fui para a roça capinar arroz, colher feijão, milho... Trabalhava para os outros como diarista e fazia de tudo, apanhava café, cuidava do gado, tirava leite.”

Foi só com a mudança junto à mãe, já divorciada, para Santo Antônio do Monte, situada a 194 km de Belo Horizonte, que ele foi conhecer o mundo das lutas. O garoto malhava em uma academia e foi convidado a participar de uma aula de jiu-jítsu. Com cerca de 16 anos, foi chamado para treinar mais seriamente.

“Larguei tudo e fiquei só treinando. Eu morava dentro da academia, quando estava muito gelado dormia em cima do tatame”, afirma Toquinho, que trabalhou carregando materiais de construção em uma loja na cidade.

Daí para a estreia no MMA foi um pulo. O brasileiro acabou se mudando para o Rio de Janeiro e, apesar de episódios de dificuldade na capital fluminense, chegando a dormir sob uma ponte por falta de moradia, foi apadrinhado pelo lutador Murilo Bustamante. Após passar a treinar com gigantes do evento japonês Pride, cresceu com as próprias pernas dentro dos ringues.

“Quando me levaram para lutar, não parei mais”, diz o mineiro, que estreou oficialmente no MMA em 2006, e soma 12 vitórias em 15 lutas. A carreira permitiu cumprir o sonho de comprar uma casa para a mãe e ajudar os parentes. “Às vezes olho para trás e nem acredito. Eu lembro e agradeço a Deus toda hora.”

CONHEÇA MAIS DE TOQUINHO

NASCIMENTO: 20/02/1980, em Dores do Indaiá (MG)
CATEGORIA: Médio
ESPECIALIDADES: Jiu-jítsu
CARTEL: 12 vitórias e três derrotas
ÚLTIMAS LUTAS: Após derrota, venceu sua última luta
RIVAL: Dan Miller

O duelo no UFC Rio e o sonho de desafiar Anderson Silva

Para um bom campeão, escolher adversários não entra em questão. E, se quiser conquistar o cinturão do UFC, Toquinho pode ter de enfrentar ninguém menos que Anderson Silva.

“Quero ser campeão, é claro. Quando me derem a chance eu luto. Se o patrão mandar, eu enfrento qualquer um”, disse ele, quando questionado sobre um duelo verde-amarelo com o Aranha. “Lá dentro (do octógono) as coisas são diferentes.”

Mas, antes disso, a mira é total no norte-americano Dan Miller. O lutador de 30 anos também tem como último algoz Nate Marquardt, e não se deu bem nos seus maiores desafios. Nas últimas seis lutas, perdeu quatro, tendo enfrentado Michael Bisping, Demian Maia e Chael Sonnen.

O “gringo” é um especialista em wrestling e jiu-jítsu, mas Toquinho não tem grandes planos para ele. “Sempre treino de tudo, você nunca sabe o que o cara vai trazer para a luta. Mas vai ser melhor lutar contra um estrangeiro no Brasil”, comentou o mineiro, com poucas palavras sobre o oponente. “É só estar com a cabeça boa e treinar bem para vencer.”
 

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