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  • Estreante no UFC, brasileiro dormiu no tatame e já mentiu idade para poder lutar
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UFC Rio

Tudo sobre a edição 134 do evento, dia 27/08, no Rio de Janeiro

Arte/UOL
Após sofrer para treinar, carioca chega ao UFC com invencibilidade de 11 combates

Após sofrer para treinar, carioca chega ao UFC com invencibilidade de 11 combates

17/08/2011 - 07h01

Estreante no UFC, brasileiro dormiu no tatame e já mentiu idade para poder lutar

Maurício Dehò
Em São Paulo

Para a maioria dos lutadores, a academia é uma segunda casa, tantas são as sessões de treino e tantos são os momentos passados dentro dela. Mas, para alguns, o local já foi moradia. É o caso de dois brasileiros do UFC Rio, o mineiro Toquinho e o estreante no UFC, Johnny Eduardo que faz sua primeira luta no evento no próximo dia 27. Para este segundo, a entrada na organização é um momento de mirar lutas importantes e cinturões, mas também de, enfim, deixar para trás os anos de vida humilde, que dificultaram, mas não impossibilitaram seu futuro nos ringues.

CONHEÇA JOHNNY EDUARDO

NASCIMENTO: 3/8/1978, no Rio
CATEGORIA: Galo
ESPECIALIDADES: Muay thai, Jiu-jítsu
CARTEL: 25 vitórias e oito derrotas
ÚLTIMAS LUTAS: Vem de 11 vitórias
RIVAL: Raphael Assunção

Na HSBC Arena, palco do UFC 134, Johnny terá tratamento de luxo com outros 23 lutadores, para o duelo nacional contra Raphael Assunção, no card preliminar. Bem antes disso, no entanto, a vida teve capítulos mais complicados. “Tive que me humilhar para poder treinar e já estive a ponto de abandonar as lutas diversas vezes”, relembra ele, que já até mentiu a idade para poder subir no ringue.

Criado na Baixada Fluminense, Johnny Eduardo teve uma infância humilde, mas dentro da família e de sua própria casa ganhou o exemplo que definiria sua carreira.

“Tudo começou com sete anos de idade, meu pai era praticante de lutas e nós morávamos numa academia com a minha madrasta. Minha mãe não tinha condições de me criar, então fui morar com ele nesse lugar, que tinha aulas de kung fu, caratê e taekwondo”, conta ele, que desde pequeno via o pai fazendo os movimentos do kung fu e já começava a se imaginar lutando.

É claro que o garoto passou a aprender e perseguir o sonho, mesmo tendo de saltar obstáculos.

Aos 16 anos, ele trocou o kung fu pelo muay thai, mas tinha de se deslocar muito para os treinos, na Zona Norte do Rio. “Eu não tinha dinheiro para pagar passagem e me alimentar, e às vezes tinha que usar métodos não muito legais... Pedir para passar por baixo da catraca no ônibus, ou pular o muro do trem para não pagar”, lembra ele. “Às vezes me pegavam, botavam para fora e eu precisava esperar os guardas saírem para tentar de novo.”

O carioca não esconde a emoção ao falar da juventude, em que dividiu os treinos com o trabalho: vendeu picolés, foi segurança, lavou carros, trabalhou de camelo, lavando carros e carregando sacos de farinha. Mas não era o que queria. “Sempre pensava nas lutas e treinos, é muito ruim fazer algo que é só para se manter.”

Com seu mestre de muay thai, Luis Alves, hoje falecido, Johnny ganhou um lar. Primeiro, dormia na academia, sobre o tatame, ficando responsável por tomar conta do local. Depois, passou a morar na residência do professor e, lentamente, aperfeiçoou-se em outras lutas, até ser convidado para suas primeiras lutas no vale-tudo.

A vontade era tanta, que ele chegou a enganar os organizadores em seus primeiros eventos. “Nas primeiras lutas, eu era muito novo, então falsificava a identidade para lutar. Desde moleque eu era louco por isso, então eu ficava feliz da vida, mesmo tomando um sacode. Era bom para aprender”, conta.

Hoje aos 33 anos, Johnny chega ao UFC não como um garoto, mas como um lutador experiente, com 25 vitórias e oito derrotas. Desde 2007 o carioca não perde, somando 11 triunfos consecutivos, inclusive em eventos grandes, como Bellator e Jungle Fight.

“Eu sei bem o que é perder, amadureci e hoje estou em outra fase. No início eu tinha um emocional fraco, faltava aquele desejo de ser campeão. Depois que vi minha carreira em dificuldades e até fui para a ‘geladeira’, pensei no que queria na minha vida e canalisei isso em prol do meu crescimento”, explica ele, sobre a fase vitoriosa.

É claro que o brasileiro mira um cinturão na categoria galo, mas  não só. “Quando você é moleque e não tem opções na vida, sonha em ter alguma coisa, uma casa, um lar. Meu sonho é continuar vivendo de luta e conquistar isso, e tenho certeza que vou conseguir”, concluiu o carioca.

JOHNNY VÊ RAPHAEL ASSUNÇÃO COMO RIVAL DURO PARA A ESTREIA

Em busca de um triunfo logo na estreia do UFC, Johnny terá pela frente um rival duro e experiente. Raphael Assunção já lutou no WEC e tem um combate no UFC. Apesar disso, vem de três derrotas em quatro lutas, inclusive na estreia no evento, seu confronto mais recente. Assunção enfrentaria Darren Uyenoyama, que acabou ficando fora do card. 'Será duríssimo. Ele é um pernambucano que mora nos EUA e vem bem credenciado. Mas não escolho quem enfrentar. Eu inclusive estava treinando para outro evento quando foi chamado de última hora para o UFC e estou muito animado', afirmou.

 

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