COI cobra definições sobre Rio-2016 e vê risco de atrasos em preparação

Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • EFE/Antonio Lacerda

    Membros do COI estiveram no Rio monitorar a preparação da cidade para a Olimpíada

    Membros do COI estiveram no Rio monitorar a preparação da cidade para a Olimpíada

A visita da Comissão de Coordenação do COI (Comitê Olímpico Internacional) para a Olimpíada de 2016 ao Rio de Janeiro terminou com uma dura cobrança. O diretor do comitê olímpico responsável pelos Jogos, Gilbert Felli, afirmou que nem todos os projetos da Rio-2016 têm seu financiamento e órgão executor definido. Por isso, uma reunião considerada "crucial" foi marcada para quinta-feira, em Brasília, para que toda a Matriz de Responsabilidades seja passada a limpo e, assim, atrasos sejam evitados.

A reunião, segundo a presidente da comissão do COI para a Rio-2016, Nawal El Moutawakel, contará com a presença da "mais alta cúpula de governos" (federal, estadual e municipal), além de representantes do Comitê Organizador dos Jogos de 2016. No evento, nenhum representante do COI estará presente. Os resultados desse encontro, entretanto, são importantíssimos para o Comitê Olímpico Internacional.

"Essa reunião é crucial porque alguns parceiros ainda não chegaram a um acordo final sobre a Matriz de Responsabilidades dos Jogos. É preciso decidir quem vai fazer o quê", afirmou Felli, em entrevista coletiva que encerrou a sexta visita da comissão do COI ao Rio de Janeiro. Os membros do COI chegaram à capital fluminense na quarta-feira e deixam a cidade nesta sexta.

Felli também afirmou que "as decisões precisam ser tomadas agora ou então isso podem impactar nos prazos". Ele, contudo, evitou dar detalhes dos pontos ainda estão em aberto sobre a preparação para a Rio-2016.

Vale lembrar que a primeira versão dessa matriz --documento que lista todos os projetos necessários para a Olimpíada, assim como aponta quem irá tocá-los-- foi apresentada em janeiro pela APO (Autoridade Pública Olímpica). No documento divulgado, porém, metade dos projetos listados não tinha um orçamento definido. A própria APO também informou que aquela lista ainda não estava completamente fechada.

Avanços e pressão

Apesar das cobranças por definições, o COI também elogiou os avanços do Rio para a Olimpíada. Nawal disse testemunhou progressos efetivos alcançados desde a última vez que a comissão de coordenação esteve na capital fluminense, em setembro do ano passado.

Nawal, contudo, ressaltou que há projetos da Rio-2016 que estão "sob pressão permanente" devido a seus prazos de execução. A representante do COI voltou a citar o Parque de Deodoro, área que receberá competições de 13 modalidades olímpicas, mas que ainda não recebeu nenhuma obra visando ao evento.

"Deodoro tem muito potencial. Foi correta a decisão de levar parte dos Jogos para lá", elogiou a marroquina. "Mas o projeto ficará sempre sob pressão."

Outro projeto que está na mira do COI é o de despoluição da Baía de Guanabara. A área recebe é destino de grande parte do esgoto da região metropolitana do Rio. O governo do Estado prometeu reduzir em até 80% sua poluição até 2016.

Nawal e Felli afirmaram ter recebido garantias do governo de que não haverá risco para atletas por causa de poluição na baía, que receberá as competições de vela. Ambos afirmaram que confiam que as promessas serão cumpridas.

Em agosto, a baía já será sede da primeira competição teste da Rio-2016. Depois dessa, vários outros eventos-teste serão realizados no Rio até agosto de 2016, quando começa a Olimpíada.

Em comunicado oficial, o COI disse que o Rio-2016 já sofreu com atrasos em instalções esportivas. Informou que não há tempo a perder para que os equipamentos estejam pronto a tempo dos eventos-teste.

Vila de Mídia e Árbitros

Durante a visita do COI ao Rio, o prefeito Eduardo Paes propôs ao órgão transferir a Vila de Árbitros e Mídia da região portuária para Curicica, na zona oeste. Oficialmente, a intenção da prefeitura com a transferência seria desenvolver uma área da cidade hoje degradada.

Felli, do COI, disse estar surpreso com a intenção de mudança, mas a compreende. Ele só ressaltou que o COI é o reponsável final para organização da Olimpíada. O órgão, então, precisa avaliar todas as possíveis consequências antes de tomar uma posição. Felli disse que isso deve ser definido em breve.

Legado

Nawal ressaltou na entrevista coletiva o legado que a Olimpíada do Rio de Janeiro pode deixar à cidade. Destacou o investimento em transporte público possibilitará que a percentagem de pessoas usando meios de transporte coletivo no Rio salte de 12% para 60%; disse que 75 novos hotéis estão sendo contruídos; e que 1 milhão de pessoas passarão a estudar inglês por causa da Olimpíada.

A representante do COI, então, foi questionada por um jornalista por que esses legados não haviam sido incluídos na Matriz de Responsabilidades dos Jogos, ou seja, não havia tornado-se um compromisso olímpico. Quem respondeu a pergunta foi Felli. Ele disse que o COI não tem como cobrar o investimento público de governo. Só pode pedir a execução de obras diretamente ligadas à Rio-2016.

"Não é o COI quem tem que discutir o projeto de investimento, de legado. Isso é uma coisa de governo", disse ele. "O que o governo vai fazer para seus cidadão não é nossa responsabilidade."

*Atualizada às 18h07

COMITÊ RIO-2016 VAI GASTAR R$ 7 BILHÕES

  • Quatro anos após o Rio de Janeiro ser eleito sede da Olimpíada de 2016, o comitê organizador do evento finalmente divulgou seu primeiro orçamento dos Jogos. O órgão, que será o responsável pela operação do evento (alimentação de atletas, equipamentos esportivos, etc), informou que pretende gastar R$ 7 bilhões para cumprir com suas obrigações olímpicas. E mais: não usará nenhum recurso público para isso.

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