Principal torneio da várzea de SP revelou Damião e Oliveira e viu a ressurreição de Elias
Do UOL, em São Paulo
Futebol de várzea é sinônimo de jogo viril, botinadas e chutes pro alto, certo? Mas existe espaço para craques também. A Copa Kaiser, considerado o mais importante torneio do futebol amador em São Paulo, é exemplo disso: Leandro Damião e Elias, que brilham na seleção brasileira, e Ricardo Oliveira, que já defendeu o Brasil, devem grande parte de seu sucesso aos campos de terras paulistanos.
LEANDRO DAMIÃO
O atacante do Internacional é titular de Mano Menezes na seleção brasileira e, hoje, o fruto mais brilhante da várzea paulistana. Tudo graças a seu pai, seu Natalino Pereira dos Santos. Leandro nasceu no Paraná, mas a família mudou para o Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. Quando menino, Damião até tentou participar das categorias de base dos clubes paulistanos, mas foi rejeitado. A saída foi jogar no futebol de várzea mesmo, incentivado pelo pai.
"Joguei no 'Tupi City' e no 'Nós Travamos'. Disputávamos e batíamos de frente com times da zona leste ou da sul muito bem. Tem muitas histórias. Às vezes, jogávamos em favelas, aquela pressão de ter que ganhar e não poder fazer gols porque podia apanhar. Foram várias histórias dessas, mas, graças a Deus, nunca aconteceu coisa pior", disse o atacante, em entrevista ao UOL Esporte no ano passado.
Damião jogou a Copa Kaiser por três times diferentes (Estrela da Saúde, Família Tupi City e Nós Travamos) até chegar ao futebol catarinense em 2007, no Atlético de Ibitirama. Foi emprestado para times do estado até 2008. Chegou ao Internacional em 2009 e, em 2011, foi convocado para a seleção. Sempre lembrando do que aprendeu na várzea: "No profissional, os zagueiros falam que vão dar pancada e eu não tenho medo. Tenho cada vez mais vontade de pegar na bola, ir para cima dele e fazer o gol. Nisso, a várzea me ajudou bastante".
ELIAS
Ex-Corinthians, o volante do Sporting, de Portugal, é prova viva de como a várzea pode transformar a vida de um jogador de futebol. Em 2006, Elias tinha acabado de deixar o Náutico e estava sem clube. Deprimido, passou a defender o Leões da Geolândia por insistência da família e de amigos. Deu certo. Ele chamou a atenção do São Bento, então comandado pelo colombiano Freddy Rincon. Três anos depois, estava no Corinthians.
"Naquela época, eu conseguia me manter jogando na várzea. O pessoal até brinca aqui com esse lance de Copa Kaiser. Joguei pelo Leões da Geolândia, que é um time lá da minha região, Vila Sabrina e Vila Maria", lembra Elias. "Já estava até pensando em voltar a estudar e trabalhar".
RICARDO OLIVEIRA
Primeira grande revelação da Copa Kaiser, o atacante Ricardo Oliveira disputou o torneio de 1999 pelo Estrela Vermelha da Vila Nivi. Descoberto em um farol, ele brilhou na Portuguesa em 2000, passou por Santos, São Paulo e pelo futebol europeu. Hoje, está no Al Jazira, dos Emirados Árabes.
"Quando você olha para jogadores como esses, percebe que eles são diferentes. São aqueles param a bola e sabem o que fazer, não dependem só do físico", lembra Marcelo Cecchi, dirigente do classe A, que tem um jogador quase famoso em sua equipe: Fabiano, irmão de Marcos Assunção, do Palmeiras.
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