Lenda na várzea, técnico campeão nacional imita Felipão e Tite e coloca atacantes para marcar

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

  • Renato Cordeiro/Milton Flores/Copa Kaiser

    Tião, técnico bicampeão da Copa Kaiser, ao lado de Mano Menezes (20/3/2012)

    Tião, técnico bicampeão da Copa Kaiser, ao lado de Mano Menezes (20/3/2012)

"Para jogar comigo, tem que marcar. Não tem essa de ser atacante e só jogar com a bola. Se quiser entrar em campo, tem que ocupar os espaços, pegar os zagueiros, não deixar o volante armar o jogo".

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A frase acima poderia ser de Luiz Felipe Scolari, Tite, ou Muricy Ramalho. O autor está bem longe da fama dos técnicos-estrelas, mas, no futebol amador de São Paulo, é uma verdadeira lenda. Sebastião Lucas de Almeida, o Tião, foi campeão nacional da Copa Kaiser no ano passado. Mais do que isso, é bicampeão do torneio, considerado a principal competição da várzea paulista. E, nos últimos quatro anos, disputou a decisão três vezes.

"O que ele faz é para poucos. Ele é o melhor técnico da várzea", admite Francisco Prince Ribeiro, o Kiko, presidente do Ajax de Vila Rica, um dos times mais populares dos campos amadores da cidade.

Hoje, Tião é técnico do Classe A, da Barra Funda, campeão da Kaiser São Paulo e da edição nacional em 2011. Sua primeira conquista foi em 2009, com o Vida Loka, da Vila Brasilândia – mesmo time que comandou em 2008, quando perdeu na final. "Não tem segredo não. Ou melhor. Tem sim. Se me perguntar que esquema tático eu uso, não conto. Se contar, todo mundo copia", brinca o treinador.

Escondendo o jogo ou não, Tião segue a cartilha de Felipão no futebol. Hoje no palmeiras, o gaúcho ficou marcado por insistir em escalar Luan no ataque, mesmo após seguidos protestos da torcida. O motivo? O atacante fechava o lado esquerdo como ninguém. Luan só perdeu sua vaga no time quando se machucou – atualmente, está se recuperando de operação.

"Tem gente que diz que sou retranqueiro. Não é verdade. No ano passado, na Kaiser, eu joguei muitas vezes com três atacantes. Algumas vezes, tirava volante e colocava jogador de frente. Mas eu admito. Se é pra ser chamado de retranqueiro e vencer, tudo bem. Eu sou como o Tite no Corinthians. Se ganhar de 1 a 0, já é goleada", brinca o treinador.

O técnico está entrando em seu segundo ano no Classe A. E, como todo campeão, as propostas para sair não faltaram. Contam que ofereceram valores altos para a várzea para que ele trocasse de time. O técnico disse não. Chegaria em um elenco formado. Não poderia escolher os seus jogadores. E essa é mais característica que o aproxima de Scolari.

Se em 2002 Felipão criou a família Scolari na conquista da Copa do Mundo, Tião costuma, em suas equipes, fazer algo parecido. "Todo mundo precisa estar contente para jogar. Se você é titular ou se é reserva. Tem que estar com a mesma alegria", fala o treinador. Em outras palavras, ele faz com que reservas não criem problema por ficar no banco.

Para isso, o relacionamento com os atletas é fundamental. Inclusive com jogadores que deixaram o time. Nesse ano, por exemplo, Tião perdeu um volante e um atacante, que davam consistência para a equipe. Mas segue falando com os dois, dando conselhos. "O futebol é amador, mas os relacionamentos com as pessoas são reais. Se o jogador saiu do seu time, não é porque não quer mais jogar com você. É pela proposta. A gente entende isso. Mas o contato com a pessoa você não perde nunca", completa.

Copa Kaiser de futebol amador
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