Após abandonar carreira para cuidar da mãe, irmão de Marcos Assunção brilha na várzea
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Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

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    Fabiano, irmão de Marcos Assunção, é zagueiro bicampeão da Copa Kaiser

    Fabiano, irmão de Marcos Assunção, é zagueiro bicampeão da Copa Kaiser

Na metade do segundo tempo, o jogo estava zero a zero. O atacante rápido dominou a bola, passou pela zaga e foi derrubado, perto da área. Um jogador careca se apresentou para cobrar. O sobrenome? Assunção. Se essa cena tivesse acontecido em um jogo do Palmeiras, o gol era quase certo. Mas a partida em questão envolvia o Classe A, atual campeão da Copa Kaiser, e um membro da família Assunção menos famoso.

Fabiano, ou Fá, como todos o chamam, é o irmão mais novo do volante palmeirense. Aos 27 anos, já abandonou o sonho de ser jogador profissional. Mas ainda brilha nos campos. Do futebol de várzea. Ele é zagueiro titular do Classe A, atual campeão da Copa Kaiser, principal torneio de futebol amador da cidade de São Paulo.

Mesmo fisicamente parecido com Marcos Assunção, o toque na bola de Fabiano não é tão preciso. Lembra da falta do início desse texto? Pois é. Terminou nas mãos do goleiro. A partida terminou 0 a 0, contra o Arsenal, do Jardim Brasília – e o Classe A se salvou da derrota, após levar uma bola no travessão, ironicamente, em cobrança de falta.

"Ninguém bate na bola como meu irmão. Sei o quanto ele treina para isso e ele merece tudo o que conquistou. Eu olho muito de perto a maneira como ele posiciona a bola na hora da cobrança, mas é impossível fazer igual", brinca.

Aos 27 anos, Fá até tentou seguir os passos do irmão. Jogou por dois anos no Bétis B, da Espanha, enquanto o irmão era um dos titulares do time A. Tinha proposta para seguir jogando no futebol da Espanha, ainda distante da elite, é verdade, mas ainda assim como profissional do esporte. Mas uma fatalidade acabou com a carreira. "Há cinco anos, meu pai morreu. Minha mãe ficou sozinha em São Paulo. Eu voltei para ajudá-la", conta o jogador.

Foi o fim da carreira no futebol espanhol. "Eu jogava como zagueiro e volante. Estava bem no time. Não era a equipe principal, mas queriam renovar. Mas não tinha como deixar a minha mãe sozinha". De volta a São Paulo, no Capão Redondo, o futebol de várzea entrou na vida do ex-jogador.

"Minha primeira Copa Kaiser foi em 2009, ainda com o Vida Loka, da Vila Brasilândia. Foi lá que eu conheci o Tião (o técnico Sebastião Almeida), que é um cara muito correto e um ótimo treinador. Quando ele veio para o Classe A, vim junto", explica.

Em campo, o passado de profissional fica evidente. Fabiano domina a bola com classe, tem bom passe, sobe alto nas bolas áreas, tem bom posicionamento. Poderia, muito bem, ser o volante que domina as ações do time, distribui a bola, faz o time andar. Mas, por escolha própria, ele prefere ficar na zaga. "Lá atrás, você não precisa correr tanto. E o futebol de várzea é diferente do profissional, é só ataque e defesa, chutão para frente, sem meio-campo. Quem quiser tocar bola, em campos como esse, não consegue. A bola começa a pular, não tem jeito".

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