Juventus da Liberdade supera falta de campos para fazer futebol de várzea no centro de São Paulo

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

  • Bruno Doro/UOL Esporte

    Tatuagem de Valdir Bezerra, o Boca, torcedor do Juventus da Liberdade

    Tatuagem de Valdir Bezerra, o Boca, torcedor do Juventus da Liberdade

Em São Paulo, o futebol de várzea está longe do centro, nos extremos das zonas Leste, Oeste, Norte e Sul. Mas um time está provando que o centro da maior cidade do país também joga futebol. O Juventus da Liberdade é o único representante da zona central da capital paulistana jogando a Copa Kaiser, a principal competição do futebol amador do estado.

No último domingo, a equipe venceu o União do Peri por 2 a 1 e se classificou para a terceira fase. A campanha invicta até agora tem três vitórias, oito gols marcados e só três gols sofridos. Nada mal para um time que está apenas em sua segunda edição da Série A da Copa Kaiser. "Não somos um time grande. Damos ajuda de custo para os atletas, damos uniforme, chuteiras, pagamos o transporte. Nosso orçamento não passa dos R$ 5 mil por mês", conta o presidente do clube, Lúcio Antônio Sena.

Apesar do nome, o time não é exatamente do bairro da Liberdade. A sede do Juventus fica em um bar na Baixada do Glicério, bairro pobre do centro de São Paulo – o Glicério fica dentro do distrito da Liberdade, parte da zona central paulistana. A identificação com a colônia japonesa fica apenas na bandeira branca com o círculo vermelho no uniforme: o time principal não tem orientais em campo e, pelo menos no último jogo, nenhum membro da torcida tinha olhos puxados.

O Juventus foi fundado há dez anos e tem uma história interessante. "Éramos um grupo de amigos. Compramos uniforme e passamos a jogar amistosos. Quando fomos pensar em um nome, achamos alguns problemas. Se fossemos escolher Corinthians, Palmeiras, São Paulo, iria existir rivalidade. Então, procuramos um nome que fosse conhecido, mas não tivesse antipatias. O Juventus da Mooca é assim. Então, fizemos a homenagem", continua Lúcio.

Apesar de ser representante do centro da cidade, o time não joga por lá. A região não tem campos de futebol e os times acabam migrando para outras zonas paulistanas. O Juventus, por exemplo, joga sempre no campo do Benfica, na Vila Maria, na pista central da Marginal Tietê, entre as pontes de acesso da Dutra e a da Vila Maria. "Nossa região não tem muitos times, não. É difícil, no centro de São Paulo, organizar uma equipe de várzea. No Glicério, nosso time é o único organizado que disputa campeonatos", fala Lúcio.

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    Piau (Jorlando Moreira), Ivanildo da Silva, Lúcio Antônio Sena e Valdir Bezerra (Boca)

Com isso, o Juventus conquista a simpatia dos torcedores. Ivanildo Alexandre da Silva, por exemplo, acompanha o time desde o primeiro ano, em 2002. É considerado torcedor símbolo do time. "Ele disse que o orçamento do time é de R$ 5 mil, não disse? Mas esqueceu de falar que milzão é só de cerveja", brinca.

Outro torcedor, Valdir Bezerra, o Boca, também simboliza o lado simpático do "Garoto Travesso" versão Liberdade: "Eu era torcedor do Leões da Geolândia, mas um dia assisti um jogo. Morei muito tempo no Glicério e conhecia todo mundo. Fiz até uma tatuagem", orgulha-se Boca, mostrando o braço com o brasão do Juventus (e escondendo o símbolo de sua outra paixão, o Leões).

Copa Kaiser de futebol amador
Copa Kaiser de futebol amador
 

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