Catimbeiro e chato como argentino, Boca de Pirituba desafia Corinthians da várzea
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Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

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  • Renato Cordeiro/UOL Esporte

    Símbolo do Boca de Pirituba, inspirado no Boca de Buenos Aires

    Símbolo do Boca de Pirituba, inspirado no Boca de Buenos Aires

Corintianos, preparem-se. Neste fim de semana tem duelo contra Boca Juniors.

Não, você não errou a data do jogo final da Copa Libertadores da América. A segunda partida da decisão sul-americana continua marcada para quarta-feira, às 21h50, no estádio do Pacaembu. Mas dois times bem mais modestos, mas com os mesmos nomes, irão, sim, se enfrentar no próximo sábado, às 15h.

E o Boca Juniors em questão faz questão de avisar: o espírito em campo será o mesmo que a versão original devem trazer para São Paulo na próxima semana. "A gente é que nem o Boca Juniors. Catimbeiro, chato e bate igual argentino. Ganha mais na força do que na técnica", avisa Eder Felizardo, um dos jogadores do Boca de Pirituba, time responsável pelo duelo.

O RIVAL: CORINTHIANS DA VILA PIAUÍ

  • Reprodução

    Time de Osasco, o Corinthians da Vila Piauí tem 40 anos de histórias e conquistas curiosas, como o vice da Copa Corinthians de Futebol Amador, que reuniu os Corinthians da várzea de São Paulo

Durante a semana, o presidente do time, Carlos Eduardo dos Santos, o Duda, recebeu uma ligação que deu a partida para o amistoso. "O pessoal da Band (TV Bandeirantes) perguntou se a gente ia jogar nessa semana. Mas não tínhamos nada marcado, já que fomos eliminados da Kaiser (Copa Kaiser, principal torneio amador da cidade). Aí veio a ideia e falamos com o Corinthians da Vila Piauí. É aqui do lado e eles também não tinham jogo marcado, então resolvemos fazer a partida", conta Duda.

O duelo da várzea, inclusive, tem alguns pontos em comum com a final da Libertadores. O rival do Boca no sábado é o Corinthians da Vila Piauí, time com história no futebol de várzea paulista. Tem 40 anos e muitos títulos para mostrar. Um deles, digno da mística do campos de terra.

Em 1977, a equipe foi vice-campeã da 1º Copa Corinthians de Futebol Amador. A competição é curiosa, daquelas que só o futebol de várzea consegue organizar: um torneio reunindo todos os Corinthians do futebol amador da cidade. Naquele ano, o campeão foi o Corinthians da Vila Monumento, em jogo realizado no campo do Nacional, na Barra Funda.

A história do Boca é bem mais recente. "Você quer saber quantos títulos a gente têm? Bom, se valer os do Boca argentino, temos seis Libertadores. E nesse ano vamos ter mais um. E nosso uniforme vai ganhar uma estrela", fala Duda. O time foi fundado em 2005 e, apesar de não ter títulos de torneios importantes, as paredes da sede estão cheias de troféus.

A reportagem do UOL Esporte encontrou os membros do time no Bar do Tico, em Pirituba. O local é chamado de Bombonera pelos frequentadores e, no bairro, é mais conhecido como Bar do Boca. Nas paredes, fotos das várias equipes formadas desde 2005.

 "Estávamos tomando cerveja em um sábado, eu e amigos que jogavam por outro time de várzea, o Aliança. Naquele dia, todo mundo estava incomodado de não ter futebol. Então, resolvemos montar uma outra equipe, para jogar todo sábado. O nome Boca já tinha sido usado antes, resolvemos ressuscitar", conta Eder.

Em 15 dias, os amigos compraram o primeiro jogo de uniforme. No primeiro mês, já tinham uniforme 1, uniforme 2 e um horário para jogar todos os sábados. "Quando começamos a ganhar alguns festivais, surgiu a necessidade de encontrar uma sede. Foi aí que o Tico ofereceu o bar. Hoje, a nossa Bombonera é aqui. Em dia de jogo, torcida e jogadores se reúnem aqui, para ir para o campo e depois, para comemorar", afirma Cadu.

Na visita da reportagem, jogadores e dirigentes estavam no bar, bebendo cerveja e conversando animadamente. O sambista Galo, autor do hino do Boca Juniors, jogava dominó em uma das mesas. Foi, inclusive, interrompido para tirar algumas fotos, para mostrar a música que compôs para o time. Infelizemente, não deu uma palinha. "Isso aqui ainda está vazio. Você precisa ver de sexta-feira. Fica lotado. Todo mundo é Boca. Fica jogando dominó e truco. Um barulho só", fala Eder.

O primeiro jogo da Libertadores também foi assim, barulhento. Culpa, em grande parte, do presidente Cadu, que garante torcer apenas pelo Boca argentino. "Eu sou argentino. Torço pra seleção argentina e até contra o Brasil. No jogo de quarta, comecei a gritar e subi na mesa quando o Boca marcou. Mas foi só o Romarinho empatar que todo mundo começou a virar todas as mesas do bar".

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