Torneio amador marca final no Pacaembu para bater recorde de público na várzea

Bruno Doro

No UOL, em São Paulo

  • Divulgação/Copa Kaiser

    Estádio Nicolau Alayon superlotado durante a final da Copa Kaiser 2011

    Estádio Nicolau Alayon superlotado durante a final da Copa Kaiser 2011

O maior público da história do Pacaembu é de um jogo de 24 de maio de 1942. Naquele dia, um domingo, 70.281 pessoas acompanharam o empate em 3 a 3 entre Corinthians e São Paulo. No próximo dia 18, também domingo, o tradicional estádio paulistano vai receber um público bem menor e, ainda assim, quebrará um recorde se a marca de 15 mil expectadores for superada.

O local vai receber a final da Copa Kaiser, o principal torneio de futebol amador da cidade. E, em uma jogada de marketing, a cervejaria Heineken, dona da marca, anunciou a partida como uma tentativa de quebra do recorde de maior torcida de futebol amador do Brasil. Para isso, convocou a RankBrasil, uma empresa especializada em recordes, para homologar a marca.

ATÉ MESMO FUTEBOL PROFISSIONAL SOFRE COM META DOS 15 MIL

Acha que a meta dos 15 mil expectadores em uma partida amadora não é ousada o suficiente para merecer o recorde? Pois saiba que o próprio Campeonato Brasileiro tem problemas em atingir esse número. Na última rodada, por exemplo, cinco das das dez partidas tiveram um público pagante menor. E quatro deles nem mesmo atingiram os dez mil nas arquibancadas. Em toda a Série A, inclusive, apenas seis das 20 equipes têm média de público superior a 15 mil expectadores por jogo.

EXPECTATIVA POR JOGO NO PACAEMBU ANIMA JOGADORES E DIRIGENTES

  • Bruno Doro/UOL Esporte

    Entre os envolvidos diretamente com a competição, a expectativa é grande pelo jogo no Pacaembu. Jogadores classificados contam os dias para a partida e dirigentes, mesmo de times eliminados, falam até em 30 mil pessoas nas arquibancadas no dia 18.

    "Vai ser a primeira vez que vou jogar no Pacaembu. A expectativa é grande", admite o meio-campista Ramires, autor de um dos gols do Ajax, da Vila Rica, na semifinal. "A festa que a torcida fez na semifinal já foi grande, imagina o que não vai acontecer no Pacaembu? Só estamos aqui por causa dos torcedores e desse grupo de jogadores", completa o meia.

    "Olha, toda a várzea está falando sobre esse jogo. Vai ter muita gente no dia 18. Vai ter muito mais de 20 mil. Eu não ficaria espantado se o público batesse os 30 mil. Ou até mesmo se lotasse o Pacaembu", diz, otimista, Marcelo Nunes, dirigente do Carrão, que foi eliminado antes do mata-mata.

O objetivo para a decisão do torneio é atrair mais de 15 mil pessoas para o duelo entre Ajax, da Vila Rica, e Turma do Baffô, do Jardim Clímax. Com esse público, a decisão 2012 superaria a final do ano passado. Em 2011, o jogo que deu o título ao Classe A, da Barra Funda, atraiu oficialmente 10 mil pessoas ao estádio Nicolau Alayon, do Nacional, na Barra Funda. Extraoficialmente, porém, os portões foram fechados pela polícia após a entrada de 15 mil expectadores, com parte dos torcedores ficando de fora do estádio.

Neste ano, a expectativa de público é ainda maior. O Turma do Baffô está em sua segunda final seguida e deve reunir as torcidas da zona sul da capital. O clube pretende fretar ao menos nove ônibus para levar representantes da comunidade ao estádio. Já o Ajax, da Vila Rica, volta a decidir a Kaiser após três anos – foi vice-campeão em 2009. Chamado de "Corinthians da várzea" pelo tamanho de sua torcida, o clube fala em fretar de 40 a 50 ônibus para levar seus torcedores para a decisão.

Além dos torcedores oficiais, representantes de outras torcidas devem estar presentes na partida do próximo domingo, principalmente pela rivalidade entre as regiões de São Paulo. O Baffô, por exemplo, representa a Zona Sul, que venceu dois (Pioneer em 2011 e Nós Travamos em 2008) dos últimos quatro torneios. Já o Ajax é o representante da Zona Leste, a maior e mais competitiva das quatro regiões (não existe uma divisão central) e que não conquista um título desde 2002 (quando o Nápoli, da Vila Industrial, foi o campeão).

Outra atração é o próprio Pacaembu. De 1995 a 2011, a partida decisiva do torneio foi disputada no estádio do Nacional, com exceção de 1997, quando o jogo final foi no estádio do Ibirapuera. Ambos têm capacidades de público pequenas. O Ibirapuera pode receber 13.400 pessoas, segundo a Secretaria de Esportes e Lazer do estado, que gere o complexo esportivo em que está localizado. Já o Nacional tem capacidade liberada pela CBF para apenas cinco mil, mas comporta, segundo a própria entidade, até 10.771 expectadores sentados. Na final do ano passado, como é possível ver pela foto que abre o texto, todos estavam de pé.

Com tanta expectativa cercando a partida, a final da Kaiser está sendo tratada como jogo profissional pelos organizadores. Até mesmo reuniões com a Polícia Militar estão sendo realizadas e a tropa de choque deve ser convocada para garantir a segurança dos presentes.

Copa Kaiser de futebol amador
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