Com mais de 20 mil pessoas no Pacaembu, Ajax vence Turma do Baffô e é campeão da Copa Kaiser

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

  • Milton M. Flores / UOL

    Jogadores do Ajax comemoram após a vitória por 2 a 1 sobre a Turma do Baffô na final da Copa kaiser

    Jogadores do Ajax comemoram após a vitória por 2 a 1 sobre a Turma do Baffô na final da Copa kaiser

O sonho de todos os amantes do futebol de várzea de São Paulo era ver o Pacaembu lotado neste domingo. Com capacidade para 34 mil expectadores, o estádio parecia grande demais para a ambição dessa turma. Mas a torcida apareceu e estabeleceu o novo recorde de público em um torneio amador no Brasil. Com 20.260 pessoas nas arquibancadas, a vitória por 2 a 1 do Ajax, da Vila Rica, sobre a Turma do Baffô, do Jardim Clímax, foi a partida de várzea com o maior público da história.

E, como não podia deixar de ser, o jogo propriamente dito foi um dos melhores do ano na competição. Embalados pela torcida mais barulhenta, graças à bateria da Torcida Independente que vestiu azul, o Baffô dominou o primeiro tempo e abriu o placar, com Portugal. O empate veio cinco minutos depois, com Ucochiton, de pênalti. A virada veio só no segundo tempo, com Jeremias.

Thiaguinho, camisa 22 do Ajax, foi o grande destaque da partida e recebeu o prêmio de melhor jogador da final: "Em 2009, eu ainda era profissional. Fui assistir a um jogo do Ajax, vi o que essa torcida era capaz de fazer e disse: 'vou jogar nesse time'. Hoje realizei esse sonho. Desde a hora que aceitei vir para o Ajax, estava me preparando pra esse momento. Graças a Deus nessa partida aconteceu tudo de bom".

Já para Nenê, camisa 10 da equipe vice-campeã, o motivo da derrota veio do ruim desempenho da Turma do Baffô na segunda etapa: "Nosso rendimento caiu muito em relação ao primeiro tempo. Terminamos o jogo e poderíamos ter matado a partida, mas acabamos perdendo muita força. Mas está todo mundo de parabéns, nosso time estava desacreditado no começo do ano e agora somos vice-campeões".

O recorde

Ao contrário do que costuma acontecer nas partidas de várzea, neste domingo as catracas do Pacaembu estavam ligadas. O motivo era a oficialização do recorde. Os números foram aferidos pela empresa RankBrasil, do Paraná, especializada em fiscalizar tentativas de recordes brasileiros no país, que estava presente com dois fiscais. Esse foi o motivo, também, da demora na entrada da torcida: só o portão principal, na Praça Charles Miller, estava aberto. Torcedores entraram no estádio até o início do segundo tempo, mesmo com a partida começando cerca de trinta minutos após o horário marcado.

A grande presença de público foi resultado do esforço dos dois finalistas. Embalados pela chance de título inédito, o  Ajax, da Vila Rica, conseguiu 42 ônibus. O número era tão grande que, por volta das 11h30, os veículos pararam o trânsito da Avenida Aricanduva, na zona leste da cidade. "E ainda faltou lugar. Quando eu sai, tinha gente correndo atrás de perua escolar para vir para o Pacaembu", lembra o presidente, Francisco Prince, o Kiko.

O pessoal do Baffô não ficou muito atrás. Saiu do Jardim Clímax, próximo a Heliópolis, com 26 ônibus. Apesar da torcida menor, quem foi ao Pacaembu sem um time específico para torcer acabou do lado azul das arquibancadas. Com isso, a divisão de forças do estádio acabou praticamente igual. "Olha, acho que vieram umas sete mil pessoas para torcer para nós. Mas é que todo mundo que não é Ajax virou Baffô. Nossa torcida não é tão grande", admite o presidente Claudio Rosa.

Apesar do número de 20 mil pessoas estar longe dos 34 mil do Pacaembu, visualmente o estádio estava tomado pelo público. O motivo para isso foi o fechamento das áreas laterais, normalmente reservadas para torcidas visitantes, e do Tobogã, com capacidade para pouco mais de dez mil pessoas.

O jogo

O jogo começou bastante corrido e truncado. As equipes estavam se adaptando ao tamanho do campo no Pacaembu e as faltas tornaram-se um recurso para evitar as jogadas de ataque do adversário. A Turma do Baffô conseguiu um início superior e dominou as ações no meio-campo. O Ajax só chegava à área rival nos contra-ataques, principalmente pelo lado esquerdo, com Thiaguinho.

Aos 28 minutos, a pressão do Baffô deu resultado. Com o jogo bem mais solto, o meia Portugal recebeu o passe de Carioca e, na entrada da área, dominou com calma e viu a oportunidade para finalizar. Não pensou duas vezes e deu um belo chute rasteiro de fora da área no canto direito do goleiro Alisson, que nada pode fazer. Com 1 a 0, os jogadores do Baffô respiraram um pouco, para conseguir enfrentar o sol forte das 13h30.

Foi o erro do time do Jardim Clímax. Aos 33 minutos, Thiaguinho recebeu um ótimo passe de Ramires e iria sair na cara do gol, mas o zagueiro da Turma do Baffô, na tentativa de evitar o pior, deu um carrinho e atingiu o atacante. O árbitro Leandro Vuaden marcou o pênalti e a grande torcida presente do Ajax comemorou. Camisa 10 do Ajax e artilheiro da edição 2010 do torneio, Uochiton foi para a cobrança e bateu com categoria no canto esquerdo do goleiro Bilica, fazendo o seu nono gol na Copa Kaiser e empatando a partida.

O Ajax voltou para o segundo tempo pressionando. Aos 23 minutos, Uochiton, autor do primeiro gol da equipe, perdeu um gol incrível. Ele recebeu ótimo passe dentro da área, sem goleiro e chutou para fora. "Olha, para falar a verdade eu só chutei para não furar. Porque não acreditava que daria para marcar naquele lance. Eu já tinha perdido o ângulo", lamenta o artilheiro.

Cinco minutos depois, porém, ele se redimiu. Com uma belíssima cobrança de escanteio, o camisa 10 achou o zagueirão Jeremias sozinho na grande área. O beque cabeceou com consciência e virou a partida para o Ajax. "Eu sempre falo para o Uochinton bater aberto. Ele costuma bater fechado, na primeira trave. E isso é ruim para mim. Eu sempre chego bem de cabeça", comemora o autor do gol da vitória.

No fim do jogo, Thiaguinho teve duas chances em contra-ataque para matar a partida. Na primeira ele saiu sozinho em direção ao goleiro, mas não teve tranquilidade e perdeu a oportunidade. Na segunda tentou a jogada individual e perdeu a bola para o zagueiro. Sorte dele que os gols não fizeram falta. A Turma do Baffô tentou buscar desesperadamente o empate, mas não foi possível. Com uma zaga bem postada, o Ajax manteve a vantagem e venceu por 2 a  1, levando o título e o troféu de campeão da Copa Kaiser para casa.

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