No futebol de várzea, a paixão por um time fala alto. E pode falar mais alto até do que o amor de mulher. A história de Danilo Rocha, volante do Ajax, da Vila Rica, é mais ou menos assim. Campeão da Copa Kaiser 2012 com o Ajax da Vila Rica, ele realmente mudou a data de seu casamento. Mas a decisão foi de sua mulher. E por influência da equipe.

A cerimônia de casamento estava marcada para o dia 4 de novembro. Era a mesma data da semifinal do torneio, entre Ajax e Juventus da Liberdade. "Não ia dar para jogar. Eu ia perder a partida para me casar, estava tudo certo. Padrinhos avisados, local alugado, buffet contratado", lembra Danilo.

Foi ai que um dos cartolas do Ajax resolveu agir. Inconformado em perder um de seus mais importantes atletas em uma partida decisiva, o diretor Marcelinho Tomaz resolveu usar um artifício que poucos apostavam que daria certo: apelar para a noiva.

"O Marcelinho ligou para a minha noiva. Falou tanto com ela, insistindo em mudar, que acabou concordando. Falamos com os padrinhos, mudamos a data do buffet e do local da cerimônia. Acabei casando só no dia 8 de dezembro", diz o volante.

O esforço deu certo. Uma vaquinha entre os dirigentes do Ajax pagou as multas cobradas pela alteração da data e Danilo entrou em campo contra o Juventus da Liberdade. O time da Vila Rica venceu por 2 a 0. Na decisão, disputada com 20 mil expectadores no Pacaembu, outra vitória, agora 2 a 1 sobre a Turma do Baffô, do Jardim Clímax.

"Não poderíamos perder o cara. Então, falei com a mulher. O segredo para convencer jogador é primeiro convencer a mulher dele", brinca Marcelinho, que usou a artimanha novamente no início do ano.

Danilo tinha aceitado trocar de clube. Iria jogar no Jardim Regina. E nem atendia mais as ligações do dirigente do Ajax. "Ele ligava e eu não atendia. Estava decidido, não adiantava conversar. Mas o Marcelinho ligou para a Dani e não teve jeito. Ela me chamou de canto e disse que eu não deveria sair do Ajax. Acabei ficando", conta o jogador.

Aos 29 anos, Danilo se tornou uma das estrelas de um dos times mais populares da várzea paulistana. O sucesso é muito maior do que nos quatro anos em que foi jogador profissional. "Joguei no Rio, em Goiânia, em Santa Catarina e no Paraná. No futebol profissional nunca encontrei o que vivo hoje na várzea. O reconhecimento é muito maior. Não me arrependo de ter deixado o esporte profissional. Estou realizado na várzea", completa.

A Copa Kaiser é o principal torneio de futebol amador de São Paulo e um dos maiores do país. Os jogos são disputados sempre aos domingos. Nesta semana, porém, não será realizada rodada.