A comparação do estilo de jogo do Chelsea com o do Corinthians, antes mesmo deste ganhar o título da Libertadores, chegou a provocar destempero no técnico Tite por não querer associar seu time ao então retrancado time inglês que conquistara a Liga dos Campeões.

"O Corinthians não faz anti-jogo, não enfia a bunda lá atrás para fazer gol achado. Olha os gols que fizemos na Libertadores e faça uma análise dos critérios. É muito burro pensar dessa forma [que são parecidos]. O  Chelsea jogava com a bunda lá atrás e ficava esperando. E na vitória do Chelsea, o futebol perdeu", disse o treinador, em maio deste ano.

Mas, se os dois times campeões continentais não têm ou tiveram a retranca em comum, venceram em 2012 apostando na força do jogo coletivo e renunciando à estratégia de depositar esperanças numa única ou poucas estrelas. Quem executa essa proposta com mais sucesso será conhecido neste domingo, em Yokohama, a partir das 8h30, na decisão do Mundial de Clubes. O Placar UOL Esporte acompanha a partida.

Este foi o primeiro Mundial organizado pela Fifa sem que nenhum jogador participante estivesse entre os considerados melhores do ano pela entidade. Nas finais da competição, só a de 2000, entre Corinthians x Vasco, não teve nenhum finalista da condecoração individual. Mas Romário, em campo pelo lado carioca, já havia vencido o prêmio em 94.

Da lista inicial de 23 atletas que começaram a disputa do prêmio de melhor do mundo de 2012 (que tem entre os finalistas Messi, Iniesta e Cristiano Ronaldo), nenhum joga no Chelsea ou no Corinthians. Único jogador que passou pelo time inglês a estar entre os primeiros postulantes, Drogba está hoje no futebol chinês.

Na decisão do Mundial de 2011, por exemplo, havia nove indicados ao prêmio em campo. Inclusive Neymar, do Santos, pelo lado sul-americano. Os outros oito eram do Barcelona: Eric Abidal, Daniel Alves, Fàbregas, Andrés Iniesta, Piqué, David Villa (que se machucou na semifinal), Xavi e Messi. Em campo naquela decisão, oito "estrelas" estiveram em campo.

Exceto em 2012 e 2000, sempre a final do Mundial de Clubes teve um jogador que estivesse pelo menos na lista inicial de jogadores que concorriam ao prêmio de melhor do mundo. Em alguns casos, inclusive o vencedor do prêmio passara antes pela decisão.

Em 2011, Messi ganhou o prêmio de melhor do mundo e venceu a final do Mundial de Clubes. Já havia feito isso em 2009. Em 2008, Cristiano Ronaldo venceu o torneio pelo Manchester United e depois foi o melhor do mundo. Kaká também fez isso em 2007, pelo Milan.

Na final de 2006, entre Internacional e Barcelona, desfilou pelo gramado Ronaldinho, que era até então o detentor do prêmio e indicado mais uma vez. Ficaria na terceira colocação, atrás de Zidane e Cannavaro.

Os anos de 2010 e 2005 foram os mais "pobres" depois de 2012. Mas tiveram jogadores indicados na lista inicial. Em 2010, no título mundial da Inter de Milão, a final tinha quatro atletas que concorrem ao prêmio, mas não chegaram à final: Julio Cesar, Maicon, Sneijder e Eto´o.

Em 2005, o Liverpool, derrotado pelo São Paulo na final, teve em campo Steven Gerrard, único atleta dos 22 que começaram a decisão que concorreu ao prêmio. Ele foi o sétimo melhor do ano em prêmio vencido por Ronaldinho.

Em janeiro de 2000, na primeira edição do Mundial com chancela da Fifa, a final não teve atletas indicados, mas o Brasil recebeu jogadores que haviam sido postulantes ao prêmio pelo ano de 99. David Beckham (segundo colocado no prêmio), Andy Cole (nono) e Dwight Yorke (décimo) jogaram pelo Manchester United, enquanto Raúl (sétimo) atuou pelo Real Madrid.

E o fato de o Mundial e a final de 2012 não terem um postulante a melhor do mundo em muito se deve ao Chelsea, já que sempre as equipes europeias é que colocam seus jogadores para concorrer ao prêmio. Somente em 2007, com Riquelme, do Boca Juniors, e 2011, com Neymar, no Santos, os sul-americanos colaboraram para estrelar o evento.

Sem indicados ao prêmio esse ano, o time inglês já teve dois de seus jogadores de seu elenco entre os top 3 de edições antigas. Em 2008, o atacante espanhol Fernando Torres ficou na terceira colocação. E em 2005, Frank Lampard foi o segundo.

O jogo coletivo é tanto a força do time inglês que a escalação é incerta. O técnico Rafa Benítez faz um rodízio no time, e do meio-campo pra frente qualquer jogador pode ficar de fora. Independentemente de não terem jogadores da "elite" de 2012 da Fifa, os times se respeitam, principalmente pelo ponto forte de ambos: entrosamento e força coletiva.

"Vimos a partida do Corinthians, ficamos surpreendidos. É um time que sabe jogar com paciência. Como qualquer time brasileiro, joga com imaginação. Pode desequilibrar uma partida a qualquer momento. Mas quando fizeram o gol, souberam se armar [na defesa]", falou o espanhol Fernando Torres.

"Vai ser duro, temos que estar em nosso melhor nível para ganhar. O Corinthians chegou à final com méritos. É um representante da América do Sul e temos que respeitá-los. Têm jogadores de qualidade, precisamos ter mais a bola do que eles", disse o meia Juan Mata.

Corinthians e Chelsea decidem o título mundial de 2012 neste domingo, às 8h30 (de Brasília), no estádio Nissan, em Yokohama. Os brasileiros lutam pelo bicampeonato, enquanto que os ingleses tentam seu primeiro troféu no torneio da Fifa.