Irmão de Damião deixa várzea para ser campeão estadual graças a pelada de fim de ano
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Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

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    Edimar, irmão de Leandro Damião, em treino no Luverdense

    Edimar, irmão de Leandro Damião, em treino no Luverdense

Se você acha que peladas de fim de ano não servem para nada, deveria conversar com o irmão do centroavante da seleção brasileira, Leandro Damião. Edimar, de 24 anos, acaba de ser campeão estadual no Mato Grosso graças a uma partida festiva. "No fim do ano passado, meu irmão fez uma partida de despedida para o Fabiano Souza. Eu joguei no ataque ao lado dele. Marquei um gol. E o técnico do time gostou e me trouxe para cá", lembra o jogar.

O técnico em questão é Lisca, o mesmo que descobriu Alexandre Pato. No ano passado, ele comandou o Luverdense, time da cidade de Lucas do Rio Verde. Foi campeão das Copas Pantanal e Mato Grosso, mas deixou o comando da equipe. Mesmo assim, indicou alguns dos reforços para 2012. Um deles era Edimar.

ATACANTE QUE TOMOU VAGA DE LEANDRO DAMIÃO HOJE É COBRADOR DE ÔNIBUS

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    Em 2007, o time de futebol de várzea do Nós Travamos, do Jardim Ângela, na zona sul, procurava um atacante para disputar a Copa Kaiser. Um dos concorrentes era um jovem magro e alto. O outro, um atacante com menos de 1,70 m, rápido e habilidoso. O baixinho foi o escolhido. E levou a equipe, no ano seguinte, ao título da competição mais importante do futebol amador de São Paulo. Como se não bastasse, ainda foi o artilheiro da competição, com 19 gols.

    O nome do grandalhão a maioria dos brasileiros conhece: Leandro Damião, do Internacional e da seleção brasileira. O outro é Claudionor Lima, o Denô, fenômeno da várzea, que nunca teve uma chance de verdade no futebol profissional. Hoje, aos 28 anos, ele é cobrador de ônibus em São Paulo.

     

O convite surpreendeu. "Eu já tinha desistido de ser jogador. Quando éramos crianças, todos falavam que eu jogava mais do que meu irmão. Mas ele evoluiu muito, foi ganhando corpo. Antes dele ir para Santa Catarina, já era o melhor do família. Eu até tentei, mas tive algumas experiências ruins. Consegui um emprego e já estava conformado".

Quem conta como foram as experiências ruins é seu Natalino. "Da última vez, o Edimar conseguiu um teste. Ficou algumas semanas. Mas o empresário ligou pedindo dinheiro para que ele ficasse. Nós somos humildes, não tínhamos dinheiro. Ele acabou voltando". Parecia o fim da carreira.

Depois disso, Edimar conseguiu um emprego e nunca mais aceitou propostas. "Voltaram a ligar para ele voltar para o time, mas ele já tinha desistido", lembra seu Natalino. O encontro com a bola de futebol acontecia apenas aos fins de semana, no futebol de várzea, sempre pelos times do Jardim Ângela, onde morou sempre.

Em 2008, ele jogou a Copa Kaiser pelo Estrela da Saúde. No ano seguinte, defendeu o Família Tupy City, time que tinha seu Natalino como roupeiro. O último time foi o Ajax da Vila São Jorge. Nos três jogou sempre ao lado dos amigos de infância. Dois deles, os também irmãos Keké e Denô (o mesmo que venceu uma disputa por vaga no ataque com Leandro em 2007), são só elogios. "O Edimar é craque. Merece dar certo. É mais habilidoso que o irmão, principalmente na perna esquerda", diz Keké, com quem Edimar costuma conversar semanalmente.

Até o fim de 2011, ele trabalhou em uma loja de informática, montando e consertando computadores. "Eu gostava do trabalho. Era em Santo Amaro e o salário não era ruim. Não era tão alto, mas como eu estava solteiro, dava para tudo o que eu precisava". No fim do ano, surgiu a proposta para jogar no Mato Grosso. "Ninguém mais acreditava. Mas eu resolvi apostar. Acho que é a última chance, mas está dando certo até agora", completa.

Edimar chegou ao Luverdense como atacante. Jogou algumas vezes, mas não conseguiu virar titular. Agora, está sendo testado em uma função mais recuada. "Ele conversou com o técnico, que está fazendo alguns testes como lateral-esquerdo. O Edimar começou como meia-esquerda, tentou como atacante, mas como tem uma perna esquerda muito boa, corre bastante, pode dar certo", elogia seu Natalino.

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02.dez.2012 - Jogadores do Botafogo de Pomedore, de Blumenau-SC, comemoram título da Copa Kaiser Brasil de 2012 Imagem: Milton M. Flores/ UOL

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