Atraso, funk no último volume e dois gols fazem meia Jefferson virar Pocotó na várzea
Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo
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Renato Cordeiro/UOL
Pocotó, do Adega: meia de qualidade. Apelido, nem tanto...
Jefferson José dos Santos é um meia de velocidade, com bom passe e figurinha carimbada nos campos de várzea da cidade de São Paulo. Já jogou cinco edições da Copa Kaiser, o principal torneio de futebol amador da cidade de São Paulo. E, mesmo assim, se você perguntar pelo Jefferson, ninguém no terrão sabe quem é.
"É Pocotó mesmo. Todo mundo sabe", conta o jogador. E a origem do apelido é inusitada. A reportagem associou o pocotó a um cavalo e esperava que a explicação passasse pelo fôlego correndo atrás da bola. Nada disso. "Um dia, estava atrasado para um jogo, cheguei de carro, o time já estava no campo. Só que eu estava com o som ligado no último volume. E estava tocando a Éguinha Pocotó".
Não bastasse o mico, o meia ainda entrou em campo no segundo tempo e marcou dois gols, dando a vitória para sua equipe. "E ainda comemorei com a dancinha. Depois disso, ninguém mais esqueceu o Pocotó", conta Jeferson.
Para quem não se lembra, Éguinha Pocotó é um funk de MC Serginho que fez sucesso no país em 2003. Foi, também, a música que tornou conhecida um personagem sui-generis da música popular nacional: a dançarina Lacraia.
Aos 28 anos, ele chegou a passar pelas categorias de base do Goiás, mas não vingou. "Acabei machucando o joelho. Rompi os ligamentos. O tempo de recuperação era muito longo, acabei fora do time. Quando voltei, não tinha mais onde jogar. Acabei parando na várzea".
Sorte para as equipes paulistanas. O apelido diferente fez com que Pocotó se tornasse um personagem marcante da várzea. Seus primeiros times na Kaiser foram da Cidade Tiradentes. Primeiro, defendeu o Detroit, em 2008. Depois, o Verona, nas edições 2009 e 2010. Chegou ao Adega em 2011, quando o time foi semifinalista. Nesse ano, acabou eliminado na terceira etapa. Detalhe: ele balançou as redes em todas as edições.