Governo quer cortar ajuda de R$ 1,5 bi ao Rio-2016 e mira redução salarial
Vinicius Konchinski*
Do UOL, no Rio de Janeiro
O governo está decidido a reduzir a zero a ajuda bilionária prometida ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016. O órgão presidido por Carlos Arthur Nuzman receberia até R$ 1,5 bilhão caso tivesse problemas para arcar com suas responsabilidades olímpicas. O Poder Público, entretanto, não pretende mais investir no comitê. Por isso, está fazendo um controle rigoroso das contas do órgão para reduzir os gastos da entidade e eliminar a necessidade de aporte de recursos públicos.
A ação foi anunciada nesta terça-feira pelo secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes. Ele esteve nesta tarde na cerimônia de posse do novo presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), general Fernando Azevedo e Silva, realizada no Centro de Educação Física do Exército, no bairro da Urca, Rio de Janeiro.
Lá, Fernandes justificou atrasos na divulgação do orçamento dos Jogos Olímpicos justamente com esse pente-fino. "Queremos zerar o déficit operacional do comitê. Estamos no meio de um processo rígido de controle.", afirmou ele. "Vamos reduzir o que for excessivo e desnecessário. Como essa mudança também mexe com as contas dos entes governamentais, a divulgação da matriz atrasou."
Fernandes afirmou que há espaço para cortes. Ele disse que o governo está examinando minuciosamente cada orçamento do Comitê Rio-2016 para solicitar baixas, principalmente, nas áreas de maior gasto. "Salários é uma delas", complementou o secretário-executivo.
O Comitê Rio-2016 tem hoje cerca de 600 funcionários. Até o Olimpíada, terá 7 mil. Por ser uma entidade privada, o órgão não precisa respeitar o teto salarial do funcionalismo público, mesmo se receber repasses de governos.
Ainda segundo Fernandes, outros cortes podem ser propostos na área administrativa, de manutenção e até no custo de instalações olímpicas que serão pagas pelo comitê. Nada disso, entretanto, pode prejudicar a boa realização da Olimpíada de 2016.
O diretor de Operações do Comitê Rio-2016, Leonardo Gryner, também esteve na posse do presidente da APO e confirmou que as contas do órgão estão passando por uma revisão. Segundo ele, não há qualquer mal estar com a ação, nem mesmo no que se refere aos salários. "Podemos alterar o número de contratações, adiar alguma coisa. Ninguém que já foi contratado terá salário reduzido", afirmou.
Antes dele, o diretor de Comunicações do comitê, Mario Andrada, também havia afirmado que o órgão trabalhava para dispensar os repasses de recursos públicos.
Fernandes, do Ministério, afirmou que a revisão das contas do comitê deve terminar ainda neste ano. Por isso, ele espera que a Matriz de Responsabilidade da Olimpíada seja divulgada ainda em 2013. O documento vai listar tudo o que é necessário para a preparação do Rio para os Jogos.
O novo chefe da APO, general Azevedo e Silva, é o responsável final pela divulgação do documento. Ele disse que está aguardando que Estado, município e União mandem para a Autoridade Olímpica todas as informações referentes à Olimpíada para apresentar o documento o quanto antes.
O TCU (Tribunal de Contas da União) havido cobrado o governo para que a matriz saísse até o início de novembro. A divulgação foi adiada por causa dessa revisão das contas do Comitê Rio-2016.
O TCU também já havia alertado o governo sobre o controle das contas do Comitê Rio-2016. A determinação é de setembro.
*Atualizada 20/11/2013, às 11h15
RIO-2016 JÁ CUSTÁ R$ 29,2 BI E SUPERA ESTIMATIVA DA CANDIDATURA
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Faltam três anos para o início da Olimpíada de 2016, e o evento ainda não tem um orçamento oficial. O que já se sabe, contudo, é que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro custarão mais do que o informado no dossiê de candidatura da capital fluminense à sede do megaevento.
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Apesar de uma boa parte das obras necessárias para a Rio-2016 não ter um custo definido, os projetos relacionados ao evento que já têm, no mínimo, um orçamento inicial custarão R$ 29,2 bilhões. Em 2008, o comitê de candidatura do Rio à cidade-sede da Olimpíada estimou que R$ 28,8 bilhões fossem necessários para a preparação para os Jogos.
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comentários 1
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Mitsuo Matsuyama
11 anos atrás
Lembrando aos senhores que Montreal sofreu mais de uma década para pagar as dívidas que tiveram com as olímpiadas em 1976. Pense bem, um país desenvolvido a qual os índices de corrupção eram e são até hoje bem menores que o Brasil sofreu para pagar uma dívida com respeito as olímpiadas. Pode imaginar quantas décadas o Brasil irá pagar as dívidas com respeito as olímpiadas de 2016 e a copa de 2014? É melhor o governo e o povo ser mais humilde e aceitar o fato que esses eventos são somente para quem pode realizar e não para países onde a maioria vive em ignorância e fanatismo estúpido.
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