Crise deixa Mundial de Clubes como uma "distração" incômoda para o Chelsea

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • Ian Kington/AFP Photo

    Rafa Benítez, treinador interino do Chelsea, vive forte pressão pelo jejum de vitórias pré-Mundial

    Rafa Benítez, treinador interino do Chelsea, vive forte pressão pelo jejum de vitórias pré-Mundial

Ninguém da comissão técnica ou do elenco do Chelsea vai admitir abertamente, mas se a viagem ao Mundial de Clubes do Japão já não era algo muito prático para uma equipe no meio de uma temporada europeia, ela se tornou uma distração ainda mais incômoda por causa da crise que se instalou no clube de Londres. Sem vencer há sete partidas, com técnico novo com a corda no pescoço, o atual campeão europeu tem dois jogos pré-viagem ao Japão para dar provas à torcida que consegue uma reação ainda neste ano.

O time deve desembarcar no Japão na segunda-feira, quase 5 dias depois do Corinthians, que chega nesta quinta. Antes, terá que enfrentar o Sunderland pela Liga Inglesa no sábado, partida que não conseguiu adiar. A apertada agenda no meio do jejum de gols e vitórias ainda tem a última rodada da fase de clubes do torneio, nesta quarta-feira.

O Chelsea precisa derrotar o Nordsjaelland, da Dinamarca, e torcer para que o Shakhtar Donetsk supere o Juventus, na Ucrânia, como única alternativa de permanecer no torneio e evitar ter que passar a segunda metade da temporada na menos prestigiada Liga Europa. Com isso, os ingleses correm o risco de passar pelo constrangimento de viajar para ao Oriente eliminado logo no começo da campanha para o bi da Liga dos Campeões da Europa.

Além de não depender diretamente dos próprios esforços, a torcida anda apreensiva porque a forma técnica do time está longe de ser convincente – apesar de estar em terceiro lugar na Liga Inglesa, tem sete e 10 pontos de desvantagem para os dois primeiros colocados, o Manchester United e o Manchester City.

Sendo assim, não é surpresa que a viagem para o outro lado do mundo tenha sido mais lembrada pela mídia inglesa como mais um problema do que uma oportunidade. Serão apenas dois jogos no Japão, mas para um time que precisa de uma boa série de resultados na liga nacional, está longe de ser algo muito prático. Como bem lembrou no mês passado o então treinador do clube, o italiano Roberto Di Mateo.

''O Mundial certamente vai colocar mais carga física sobre os jogadores, é uma viagem longa, com fuso-horário diferente, e ao mesmo tempo em que a Premier League continuará em disputa. Teremos que saber lidar com isso''.

Mesmo em declarações diplomáticas, o sentimento transparece. O goleiro Petr Cech, por exemplo, disse estar feliz com a oportunidade de disputar o título, mas fez uma ressalva. ''O Mundial obviamente vai obrigar-nos a jogar mais partidas domésticas em menor espaço de tempo, mas é assim que o calendário está. De repente é melhor irmos para tentar ter uma boa semana'', disse.

Não se trata de desculpas antecipadas: depois de ver negado pela Premier League o pedido de adiamento da partida de sábado contra o Sunderland, o Chelsea terá apenas quatro dias até a estreia no Mundial, o que inclui as nove de horas de vôo entre Londres e Yokohama.

Além dos problemas fora do campo, o clube sofre com o intervencionismo de seu dono, o russo Roman Abramovich. A sequência de maus resultados causou a demissão de Di Mateo, que estava no cargo há menos de um ano. Para o lugar do italiano, Abramovich foi buscar o Rafael Benitez, um nome odiado pela torcida em função de sua ligação com o Liverpool – sob o comando do espanhol, o time derrotou o Chelsea em duas semifinais europeias.

A antipatia por Benitez é tão grande que, na rodada do fim de semana da Premier League, os torcedores do Chelsea se juntaram aos do West Ham para zombar do treinador durante a derrota do campeão europeu, por 3 a 1. Se tem feito de tudo para não perder a paciência com os torcedores, o espanhol não mediu palavras para reclamar dos comandados. Em sua coletiva antes da partida com o Nordsjaelland, ele disse que os jogadores se acomodaram depois da conquista europeia, em maio.

''Durante anos o Chelsea perseguiu a Liga dos Campeões. Ganhou-a e é normal que as perspectivas mudem um pouco. Mas se você quer continuar jogando em alto nível, precisar ser competitivo o tempo todo. Precisa ter fome'', queixou-se  Benitez, em declarações que pareciam ter como alvo o compatriota Fernando Torres, o centroavante contratado a peso de ouro (mais de R$ 150 milhões) em 2011, mas que marcou apenas 11 gols em 62 jogos.

Em meio a tudo isso, o Mundial. A competição é tradicionalmente vista como secundária por clubes europeus, incluindo seus torcedores. Porém, se o Chelsea não voltar do Japão com o troféu, a ausência da taça será certamente mais notada. 

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