Rio-2016 descumpre orientação do COI e atrasa divulgação do seu orçamento para os Jogos
Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski
Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro
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Divulgaçãp
Comitês de candidaturas a sede da Olímpiada de 2020 conhecem projeto da Rio 2016
A divulgação do orçamento do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016 já está cerca de cinco meses atrasada. De acordo com recomendações do COI (Comitê Olímpico Internacional) a cidades-sede da Olimpíada, o plano de gastos do comitê organizador deveria ter sido apresentado ainda antes dos Jogos de Londres, o que publicamente ainda não aconteceu.
O prazo para divulgação do primeiro orçamento consta do chamado Grip (Plano Integrado de Preparação para os Jogos, na sigla em inglês), entregue ao COI a todas as cidades que pretendem organizar uma Olimpíada. Esse plano traça metas que devem ser atingidas desde a candidatura aos Jogos para que tudo esteja pronto de acordo com os padrões olímpicos.
Citado em documentos do COI como uma guia básico de preparação, o Grip recomenda que o orçamento dos Jogos ganhe sua primeira versão até 48 meses antes do início do evento. A Olimpíada do Rio começa no dia 5 de agosto de 2016. Se as recomendações do COI tivessem sido cumpridas, o orçamento do Comitê Rio-2016 teria sido divulgado ainda durante os Jogos Olímpicos de Londres, que se encerraram no dia 12 de agosto.
Publicamente, esse orçamento ainda não é conhecido. O presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, disse no final do ano passado, após a entrega do Prêmio Brasil Olímpico, que o plano de gastos estava sendo elaborado e deve ser divulgado oficialmente até meados do ano que vem.
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No dia seguinte à premiação, o site da ESPN divulgou uma reportagem informando que o orçamento do Comitê Rio-2016 já previa gastos 68% maiores do que o informado no dossiê de candidatura do Rio à sede dos Jogos de 2016. O UOL Esporte procurou o comitê organizador e foi informado mais uma vez que o órgão ainda não tinha um plano de gastos. Isso só sairia em 2013. Mais, o governo federal também informou que não recebera nenhuma estimativa de gastos do comitê.
Questionado a respeito das recomendações do COI, o Rio-2016, por meio de sua assessoria de imprensa, mudou a versão inicial e disse que tem sim um orçamento, mas que o documento ainda é preliminar. De acordo com o comitê, as recomendações do COI quanto a elaboração do documento estão sendo devidamente cumpridas. "A primeira revisão [do plano de gastos] já foi realizada e o orçamento, entregue ao COI no prazo estipulado", declarou.
O Rio-2016, porém, não divulgou esse "orçamento preliminar". O órgão entende que ele ainda não atingiu a "maturidade" necessária para ser tornado público. Isso só acontecerá quando o documento apresentado ao COI passar por sua segunda revisão, no ano quem vem.
De acordo com o Rio-2016, essa decisão de não divulgar o plano de gastos teria sido tomado em conjunto com o COI. "Ambas as organizações entendem que só a partir da maturidade a ser atingida por todas as áreas do Comitê Organizador no ano que vem, à época da segunda revisão, é que será possível se chegar a uma estimativa mais robusta para ser tornada pública", complementou.
O Rio-2016 ressaltou ainda que o documento entregue ao COI diz respeito só aos gastos do próprio comitê. Investimentos em aeroportos, portos, transporte e segurança que estão sendo feitos por governos para a Olimpíada, por exemplo, constarão de um orçamento mais amplo, que ainda não está pronto.
O Grip não dá especificações sobre orçamentos preliminares: é claro ao dizer que o documento financeiro deve estar pronto quatro anos antes dos Jogos.
Procurado pelo UOL Esporte, COI não respondeu se já recebera um orçamento do Rio-2016. Declarou só que "sobre o orçamento, Rio 2016 e está trabalhando diligentemente nele. Estamos confiantes de que eles têm controle total de seu processo de orçamento e que irá informá-lo sobre isso no devido tempo." A respeito do não cumprimento das recomendações do COI, o próprio órgão se mostrou flexível e informou que o plano de preparação pode ser adaptado ao contexto de cada cidade-sede.