Laboratório antidoping do Rio 2016 triplica de preço e pode atrasar

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

  • Reuters

    Técnico no laboratório de Harlow, responsável pelo antidoping na Olimpíada de Londres

    Técnico no laboratório de Harlow, responsável pelo antidoping na Olimpíada de Londres

O laboratório antidoping que está em construção no Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016 já custa quase o triplo do previsto inicialmente e ainda corre o risco de não ficar pronto a tempo para ser certificado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

De acordo com análise do TCU (Tribunal de Contas da União), o Ladetec (Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico) tinha uma previsão de custo de R$ 29,6 milhões em 2009 (valor corrigido com a inflação do período), quando o projeto foi apresentado pela primeira vez. Mas, no início de julho, o valor já estava em R$ 85,2 milhões.

A fiscalização do TCU encontrou, além de falhas no projeto, quantidades e valores de materiais subestimados no orçamento original e sobrepreço na aquisição de materiais de construção. Como se não bastasse, a construtora responsável pelo Ladetec, Galcon Construções e Participações Ltda., toca o canteiro de obras em dois turnos de trabalho em vez de três, conforme previsto no contrato da obra. Segundo TCU, isso pode causar atraso na entrega desta etapa, prevista para abril de 2014.

O laboratório antidoping pertence à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que é responsável pela obra em convênio com recursos da União.  Após os Jogos Olímpicos de 2016, a ideia é que o laboratório antidoping seja integrado ao Instituto de Química da Universidade. O canteiro de obras fica no campus da UFRJ.

"Caso a empresa continue com esse procedimento, haverá risco de que o empreendimento não esteja concluído no rígido prazo fixado para seu término", diz acórdão do TCU sobre o assunto, emitido em julgamento no dia 24 deste mês.

'Erro grave de estimativa'

Sobre o aumento em quase três vezes no custo da obra do laboratório, o órgão de controle diz que no mínimo "denota um erro grave de estimativa de custos". "Parte dessa elevação de preço pode estar relacionada ao fato de que a concepção original para controle de dopagem durante os Jogos Olímpicos, prevista no Dossiê de Candidatura, sofreu mudanças, no entanto, a excessiva variação evidencia a falha de planejamento", diz o TCU.

O tribunal de contas determinou à UFRJ que a construtora responsável pelo projeto deve iniciar o terceiro turno de trabalho o quanto antes e aperfeiçoar o controle sobre as estimativas de custos. Para o TCU, é inaceitável uma diferença tão grande entre o valor estimado do projeto e seu valor real, e isso pode interromper o repasse de recursos para a obra em algum momento.

Um dos principais pontos na análise do TCU mostra quantidades de materiais subestimadas na planilha orçamentária em comparação com o projeto executivo. De acordo com o órgão de controle, a diferença nas quantidades dá oportunidade para solicitações de aditivos pela contratada, o que pode ocasionar sobrepreço. De acordo com o relator do processo, ministro Raimundo Carreiro, a potencial correção de quantidades via aditivos contratuais proporciona o chamado "jogo de planilha", que diminui o desconto global obtido inicialmente.

Um exemplo é a estimativa da quantidade de formas de madeira necessária para colocar de pé o concreto armado da obra. No orçamento estão previstos 10.355 metros quadrados do material. Já no projeto executivo, a quantidade é de 27.053 metros quadrados, mais que o dobro. A obra está em fase inicial de execução. De fevereiro, quando o contrato para início dos trabalhos foi assinado, até agora, foi feita a terraplanagem do terreno e construídas as instalações do canteiro de obras. As fundações do edifício estão em construção. 

Procurado pela reportagem, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) repassou a questão para a assessoria de imprensa da organização dos jogos Rio-2016, que por sua vez encaminhou o caso para o Ministério do Esporte. Procurado pela reportagem, o Ministério informa que, "como financiador das obras e da equipagem do laboratório, tem todo interesse de que os trabalhos sejam executados dentro dos prazos e orçamentos previstos". 

"Algumas das questões mencionadas pelo TCU já são objeto de providências da UFRJ, como a instalação, em 18 de junho, de cabine de energia elétrica para propiciar o pleno funcionamento do terceiro turno. Mesmo assim, o terceiro turno começou, em caráter precário, com uso de geradores, no dia 22 de abril", diz a nota enviada pela pasta do Esporte à reportagem. O ministério diz ainda que "todas as dúvidas do tribunal serão esclarecidas".

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