Tóquio aposta na "garantia" para ter Jogos-2020 e minimiza Fukushima

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Buenos Aires (Argentina)

Foram incontáveis as vezes que a delegação japonesa repetiu a frase "entrega garantida" para definir a candidatura de Tóquio à Olimpíada 2020. A segurança, de execução do projeto e do suporte financeiro, foi a principal ênfase dos discursos. Mas houve questionamentos do COI (Comitê Olímpico Internacional) sobre a usina nuclear de Fukushima, que sofreu um acidente.

"Vote por Tóquio, e votem por entrega garantida. Votem pela visão global de esporte. Tóquio é o parceiro certo, na hora certa. A cidade que vai entregar, e uma nação que vai apoiar os jogos", discursou o presidente do Comitê Olímpico do Japão, Tsunekazu Takeda.

Ao fazer o mesmo discurso, o primeiro-ministro Shinzo Abe, no entanto, teve de se explicar os efeitos do acidente nuclear de Fukushima, e se havia potencial de contaminação que poderia chegar até Tóquio. "Você lê pelas manchetes, mas a radiação foi bloqueada em uma raio em volta da cidade (de Fukushima). O maior valor de radiação encontrado é menor do que o medido pela ONU para estabelecer se a água é potável. A radiação em todo o Japão está bem menor do o permitido pela ONU", justificou o político em resposta a membro do COI que o questionou sobre a usina. Anteriormente, ele afirmara que Tóquio é "uma das cidades mais seguras do mundo".

O projeto de Tóquio envolve uma edição dos Jogos bem compacta, em uma raio de ação de 8 quilômetros para a maior parte dos eventos, concentrados na baía da cidade. A garantia é feita por meio de um fundo já constituído de US$ 4,5 bilhões, colocado em um banco desde que a cidade perdeu para o Rio a disputa por 2016. Outra garantia é o fato de a cidade já contar com transporte e infraestrutura necessária para a realização dos Jogos.

Ao contrário de 2009, Tóquio também tentou mostrar uma imagem mais descontraída com piadas por partes dos seus representantes, e um visual de videogame para exibir como seriam as sedes esportivas. Naquela ocasião, quando perdeu para o Rio, os japoneses foram criticados por sua frieza. Agora, a segurança é uma arma poderosa diante das falhas e atrasos do Rio de Janeiro na construção de sedes esportivas e infraestrutura.

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