Olimpíada abandona contato com população. E paga o pato com voluntários
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
A baixa adesão de brasileiros ao programa de voluntários da Olimpíada de 2016 pegou de surpresa o Comitê Organizador dos Jogos. O órgão esperava ter recebido 300 mil inscrições de interessados em trabalhar de graça durante a Rio-2016 até a semana passada. Na quarta-feira, contudo, tinha recebido pouco menos de 180 mil.
Segundo o próprio comitê, a época de vestibulares e até as eleições acabaram desviando a atenção de possíveis voluntários para as inscrições no programa. Até por isso, o período de candidaturas foi ampliado em um mês e vai acabar, agora, só no próximo dia 15 de dezembro.
O abandono ou adiamento de projetos de divulgação da Olimpíada no Brasil, entretanto, também ajudam a explicar por que o número de interessados em trabalhar na Olimpíada foi tão menor do que o esperado. Em pouco mais de dois anos, três projetos grandes iniciativas para o contato da população com os Jogos foram cancelados e postergados pelo comitê organizador ou pelo Poder Público.
O primeiro projeto idealizado para aumentar o chamado engajamento da população com a Olimpíada e que acabou cancelado foi o tour da Bandeira Olímpica. A flâmula oficial do COI (Comitê Olímpico Internacional) chegou ao Rio de Janeiro trazida de Londres, sede dos Jogos de 2012. A intenção do Comitê Organizador da Rio-2016 era leva-la a todas as capitais do país para aumentar o envolvimento de outras cidades com a Olimpíada. A iniciativa, contudo, foi vingou.
O tour aconteceria em entre abril e agosto de 2013. Naquela época, uma onda de manifestações tomou conta do país. Patrocinadores da Olimpíada ficaram com medo de a viagem da bandeira incitar protestos contra os Jogos. Resolveram engavetar o plano do tour.
Outra iniciativa engavetada foi o concurso para escolha do casal de porta-bandeira e mestre-sala da Bandeira Olímpica. No concurso, alunos de toda a rede de educação carioca disputariam a chance de transportar e exibir a bandeira em eventos públicos, e de quebra entrariam em contato com os símbolos olímpicos. A disputa, contudo, nunca foi organizada.
A prefeitura também tinha prometido colaborar para a abertura de um Pavilhão Olímpico no Rio. O espaço, construído pela ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro), seria uma espécie de centro de exposição sobre a Olimpíada de 2016. Trataria da história dos Jogos e dos projetos em andamento na capital fluminense por causa do evento.
O pavilhão deveria ter sido inaugurado no final de 2012. Faltando menos de dois meses para o final de 2014, a prefeitura informou que ele ainda "passa por ajustes". Sua abertura será informada "em breve".
Questionada sobre o concurso de mestre-sala e porta-bandeira da Bandeira Olímpica, a administração municipal não respondeu. Só informou que tem iniciativas para o engajamento da população em andamento. Os projetos são: Vizinhos Olímpicos, Circuito Olímpico Móvel e Digital, e o Desafio Ágora (leia mais abaixo).
Já o Comitê Organizador Rio-2016 informou que deve intensificar suas campanhas a partir deste mês. Nesta quinta-feira, o comitê inicia ações para o lançamento de suas mascotes. Os personagens símbolos dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio serão apresentados ao público na segunda-feira.
Já o slogan da Olimpíada de 2016 será divulgado no início do ano que vem. Com a frase e as mascotes, o comitê espera reforçar sua ligação com a população.
Essa ligação, entretanto, é "boa" de acordo com o comitê. Uma pesquisa encomendada pelo órgão apontou, em agosto, que 76% da população já sabe que haverá uma Olimpíada no Rio em 2016. Esse percentual era de 71% no mês de julho. Ou seja, houve um avanço de 5 pontos num mês.
Ainda em agosto, 65% da população era favorável à Olimpíada. A expectativa é que esse percentual cresça e atinja um pico de mais de 90% até o início dos Jogos –Londres-2012 começou de 92% de aprovação.
O comitê ainda não crê que a baixa adesão ao programa de voluntários dos Jogos indique um pequeno engajamento ou divulgação dos Jogos. Para os organizadores da Olimpíada, o fato de as pessoas não se inscreverem está mais ligado à falta de tempo para pessoas se dedicarem a um trabalho voluntário do que à falta de interesse nos Jogos.
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