COI encerra visita ao Rio com cobranças sobre prazos e orçamento olímpico

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Felipe Dana/AP

    Presidente de Comissão do COI, Nawal El Moutawakel (dir.), visita obras no Rio (05/06/2012)

    Presidente de Comissão do COI, Nawal El Moutawakel (dir.), visita obras no Rio (05/06/2012)

O COI (Comitê Olímpico Internacional) encerrou nesta segunda-feira sua quinta viagem de monitoramento da preparação do Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016 satisfeito com o que viu. Isso, porém, não significa que o comitê não fez cobranças ao final de mais uma visita à capital fluminense. Desta vez, o COI pediu atenção com os prazos para as obras olímpicas e cobrou a divulgação de um orçamento dos Jogos, a chamada matriz de responsabilidade da Rio-2016.

Em entrevista coletiva concedida nesta tarde, a presidente da Comissão de Coordenação do COI para os Jogos Rio-2016, Nawal El Moutawakel, disse que os prazos e a matriz são decisivos para que o comitê e a população possam acompanhar o andamento dos preparativos. Faltando menos de três anos para o início da Olimpíada, ainda não existe um documento que consolide dados dos projetos olímpicos.

"Precisamos trabalhar com prazos e, em alguns casos, sabemos que o tempo que temos já está muito apertado", disse ela. "Como há muito que fazer, temos que eleger prioridades. Umas dessas prioridades é a elaboração da matriz de responsabilidades dos Jogos Olímpicos Rio-2016."

O diretor executivo do COI para os Jogos Olímpicos, Gilbert Felli, afirmou que os prazos para a construção do Parque de Deodoro, que deve abrigar competições de nove modalidades olímpicas, é um dos que mais preocupa. A obra ainda não tem um projeto pronto e, portanto, nem começou.

"A obra de Deodoro era do governo federal, passou para o estadual e agora está sob responsabilidade da prefeitura", explicou Felli. "Com isso, perdemos muito tempo. É por isso que precisamos ter uma matriz de responsabilidades."

Segundo ele, a construção da Linha 4 do metrô do Rio está em dia como seu cronograma, mas também merece atenção. Isso porque a obra está projetada para ser entregue muito perto da Olimpíada. Por isso, precisa de um monitoramento especial e até de alternativas para caso ela não fique pronta.

"Estamos preocupados com isso, mas as obras estão dentro do prazo", disse ele, sobre a ampliação do metrô. "O metrô vai se manter em vermelho no nosso quadro de monitoramento. Se o metro não ficar no prazo, vamos precisar de um plano de contingência para o transporte."

Locais de competição

Felli afirmou também que a Rio-2016 precisa definir o quanto antes os locais de competição de todas as suas modalidades. Na entrevista coletiva desta tarde, ele disse o lugar onde acontecerão as disputas de medalhas de três esportes ainda demandam discussão. São elas canoagem slalom, ciclismo e polo aquático.

De acordo com o Felli, se essa discussão demorar, pode ser que federações são possam fazer seus eventos-testes no Rio.

Recentemente, governo e Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 avaliaram a possibilidade de as competições de canoagem saírem do Rio e acontecerem em Foz do Iguaçu (PR), cidade que já conta com um estrutura para o esporte. Felli disse que ainda não recebeu um projeto para isso. Portanto, é preciso avançar no tema.

A Federação Internacional de Ciclismo, por sua vez, deseja que a linha de chegada de suas competições de rua seja transferida do bairro de Botafogo para Copacabana, local em que será disputado o triátlon. Para Felli, contudo, isso pode causar problemas no trânsito do Rio de Janeiro e isso complica a mudança.

Já a dúvida sobre o polo aquático vem de um "problema bom". Como o Parque Aquático Julio Delamare não será mais demolido, assim como outros anexos do estádio do Maracanã, pode ser que os jogos de polo aconteçam nas piscinas do espaço e não mais no Parque Olímpico da Barra. Para isso, entretanto, organizadores precisam estudar o local até porque o Maracanã será sede das cerimônias de abertura e encerramento da Rio-2016.

O fato de o governo do Rio de Janeiro ter desistido de demolir o Julio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros, aliás, foi comemorado pelo COI. Nawal disse a jornalista que está muito feliz com a manutenção dos equipamentos esportivos.

Legado dos Jogos

A presidente da comissão de coordenação da Rio-2016 também falou muito sobre o legado da Olimpíada de 2016 para o Brasil. Após uma série de protestos no país durante a Copa das Confederações, o COI demonstrou que quer deixar claro para a população que os Jogos Olímpicos serão benéficos.

"Discutimos o esforço que está sendo feito para entregar um grande legado. Há um grande esforço para que o legado esteja no coração de tudo o que fazemos", afirmou ela, lembrando que a Rio-2016 catalisou a construção de quatro linhas de BRT, a expansão do metrô e programas para disseminação do esporte entre 800 mil jovens.

Apesar do discurso, porém, nem Nawal nem o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016, Carlos Nuzman, estavam informados sobre o cancelamento projeto estadual Rio 2016, que levava atividades esportivas para mais de 150 mil pessoas de 73 cidades fluminenses. A ação foi encerrada neste mês.

Ambos afirmaram, entretanto, que os compromissos já assumidos serão todos cumpridos. Nuzman informou que o comitê Rio-2016 está trabalhando inclusive numa lista completa de tudo que a Olimpíada do Rio deixará para a cidade, Estado e país. Assim, os legados poderão ser monitorados.

Felli afirmou que o monitoramento é importante. Pediu engajamento de todas as esferas de governo com o legado. Afirmou ainda que as manifestações de populares são um indicativo de que a Olimpíada precisa muita trazer benefícios ao povo.

*Atualizada às 19h25

GOVERNO ABANDONA PROJETO DE LEGADO SOCIAL DA RIO-2016

  • Quando o Rio de Janeiro se candidatou à sede da Olimpíada de 2016, a capital fluminense disse ao COI (Comitê Olímpico Internacional) que deveria receber os Jogos porque era a cidade para qual o megaevento traria o maior legado entre todas as candidatas. Faltando menos de três anos para a Olimpíada, entretanto, o próprio governo estadual abandonou um projeto o qual ele mesmo informou ser o "principal legado social" que a Rio-2016 deixaria.

  • A iniciativa era o Projeto Rio 2016, criado em 2009, logo depois de a capital fluminense ser escolhida sede da Olimpíada. A ação tinha como objetivo disseminar a prática esportiva em todo Estado, inclusive, em comunidades carentes incluídas no programa de pacificação de favelas. Em quase quatro anos, a iniciativa chegou a atender mais de 150 mil pessoas, em 73 dos 92 municípios. Mesmo assim, foi encerrado em agosto.

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