Lixo na Baía de Guanabara incomoda equipe de vela em evento teste para 2016

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Niterói (RJ)

A poucos dias do início do evento teste "Aquece Rio", a equipe brasileira de Vela mostra grande preocupação. E não é apenas com os fortes adversários internacionais que terá pela frente em um aperitivo para os Jogos Olímpicos de 2016, mas também com as condições da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para a disputa.

Na apresentação oficial da equipe, nesta terça, em um clube de Niterói, na região metropolitana do Rio, os velejadores brasileiros revelaram incômodo com a poluição que toma conta da tradicional raia que servirá de palco para as competições também na Olimpíada.

"Isso atrapalha bastante. Sabemos que uma chuva nos próximos dias pode trazer ainda mais detritos para a Baía. Temos que nos adaptar, infelizmente. E acho até que já estamos um pouco acostumados com isso. Vamos torcer para que o tempo ajude e as correntes de água não levem mais lixos para a raia de competição. É uma situação que teremos que lidar agora e nos Jogos. Ainda que bem que as olimpíadas ocorrem no inverno aqui, quando há uma menor incidência de chuvas. Isso pode minimizar a situação", disse o campeão olímpico Robert Scheidt.

"É uma situação delicada. Isso também não deixa uma boa imagem para o Brasil. Até estamos acostumados, mas é uma coisa que pode prejudicar nossos atletas", lamentou o chefe da equipe, Torben Grael, endossando o coro de seus comandados.

O técnico da classe Laser Radial, Bruno Di Bernardi, foi além. Realista, ele disse não acreditar nos projetos de despoluição do local e afirmou que a sujeira permanecerá até as olimpíadas.

"Temos que lidar com isso. Por mais que falem em programas de limpeza e tal, sabemos que nada vai mudar em dois anos. Temos que ser realistas. Não fizeram em 20 anos, não vão fazer agora. É se adaptar, lamentar as condições e competir. Sempre foi assim".

Apesar das preocupações com as condições da água, nem tudo será problema para a equipe brasileira no torneio da próxima semana. Na apresentação oficial desta terça-feira, os velejadores celebraram o fato de competirem em casa e acreditam que a situação pode favorece-los no evento teste, bem como nos jogos olímpicos de 2016.

Pedro Ivo Almeida/UOL
Robert Scheidt mostrou preocupação com lixo na Baía de Guanabara

"É legal demais estar perto de casa, dos amigos e em um local que conhecemos tão bem. Eu adoro isso e sei que meus companheiros também gostam", ressaltou Martine Grael, da classe 49erFX.

O pai da campeã da Copa do Mundo repetiu o discurso da filha. "É bom estar no quintal de casa", celebrou, referindo-se ao clube que sempre treinou e agora servirá de base para os brasileiros, em Niterói.

"Temos adversários muito fortes e qualquer vantagem é legal. Os atletas devem aproveitar bem isso. Conhecemos bem a raia, vamos trainar muito por aqui ainda até 2016 e espero que esse fator ajude nos jogos também", encerrou Torben Grael.

O clube na cidade da região metropolitana também será testado durante a competição. A Confederação Brasileira de Vela estuda fazer do local a base da equipe para os Jogos de 2016.

Com início previsto para o próximo sábado, o "Aquece Rio International Sailing Regata" irá até o dia 9 de agosto na Marina da Glória e receberá alguns dos principais atletas das melhores equipes de vela do mundo. O Brasil disputará a competição com trinta velejadores, divididos em dez classes – cinco individuais e cinco duplas.

Pedro Ivo Almeida/UOL
Equipe brasileira de Vela que disputará evento-teste foi apresentada nesta terça

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