Obra do Parque Olímpico destrói clube de aviação e inicia nova polêmica

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Júlio César Guimarães/UOL

    Área verde abaixo das obras do Parque Olímpico é clube em demolição

    Área verde abaixo das obras do Parque Olímpico é clube em demolição

A construção do Parque Olímpico do Rio de Janeiro está envolta em mais uma polêmica. Após a obra obrigar a desativação do Autódromo de Jacarepaguá e ameaçar moradores da Vila Autódromo, foi a vez de um clube de aviação da capital fluminense reclamar de como está sendo tocado um dos maiores projetos da Rio-2016.

Isso porque máquinas do Consórcio Rio Mais destroem desde a noite segunda-feira parte das instalações do CEU (Clube Esportivo de Voo), que fica ao lado do canteiro de obras do Parque Olímpico. Em meio a uma disputa judicial e à revelia dos associados, a área do clube de aviação está sendo ocupada por operários que têm ordens da prefeitura para construir naquele local parte de instalações necessárias para a realização da Olimpíada de 2016.

BRT OLÍMPICO TEM PROBLEMAS ANTES DE SER CONCLUÍDO

  • Vinicius Konchinski/UOL

    Um dos corredores de ônibus projetados para melhorar o sistema de transporte do Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016 já teve trechos abertos à população. Esses trechos, entretanto, já apresentaram problemas e precisam passar por reparos

A briga entre o clube e a prefeitura não é nova. O CEU ocupa há cerca de 30 anos um terreno à beira da Lagoa de Jacarepaguá e exatamente ao lado do antigo autódromo do Rio. A área é um patrimônio público. De acordo com o diretor administrativo e financeiro do clube, Jairo Gomes, ela cedida pelo governo do Estado do Rio de Janeiro para que pudesse ser usada por aviadores.

Acontece que essa cessão foi cassada pela prefeitura em dezembro de 2012. A administração municipal alega que vinha negociando com o CEU a desocupação da área desde 2009. Ali, de acordo com o projeto de construção do Parque Olímpico, ficarão a arena de handebol da Rio-2016, o novo centro aquático, parte do pavilhão onde serão disputadas as partidas de basquete e a área de convivência em que o público poderá assistir às competições em um telão, o chamado Live Site.

A prefeitura informou que, quando cassou a cessão do terreno, deu prazo até 30 de maio para que o CEU pudesse arrumar uma nova área para o clube. Esse prazo, mais tarde, foi estendido até 30 de junho. A administração municipal diz que chegou a negociar a mudança do CEU para um pequeno aeroporto de Nova Iguaçu. Nada disso, entretanto, agradou os associados.

Quando o prazo dado pela prefeitura acabou, os aviadores entraram na Justiça para garantir sua permanência no local. Ganharam uma liminar que deu mais nove meses para que eles procurassem um lugar para ficar. Essa liminar foi cassada na tarde de segunda-feira. Horas depois, as máquinas do Consórcio Rio Mais (formado por Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken) entraram no clube.

Ainda na segunda à noite, os portões do CEU foram derrubados. Na terça, duas pistas do clube foram destruídas por tratores. A sede e os hangares ficaram de pé por ação direta dos associados. "Paramos, nós mesmo, em frente às máquinas", contou Gomes, que testemunhou durante todo o dia a demolição do clube que frequenta. "Foi um vandalismo, uma truculência."

Gomes disse que Paes prometeu dar R$ 12 milhões ao CEU para ajudar o clube a se mudar para outro local. O diretor afirmou que a ajuda nunca chegou. Por isso, o CEU já está recorrendo novamente à Justiça para paralisar sua demolição.

A prefeitura informou na terça que a APO (Autoridade Pública Olímpica) continua a procura de um espaço para realocar o clube. Em entrevista ao telejornal RJTV, o prefeito Paes ressaltou que não permitirá que um clube com 200 sócio crie barreiras para um projeto de interesse de toda cidade, o Parque Olímpico.

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