Obra do Engenhão atrasa e teto segue 'intocado' 5 meses após fechamento

Bernardo Gentile e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Julio Cesar Guimarães/UOL

    Vista aérea do Estádio Olímpico João Havelange, interditado desde março

    Vista aérea do Estádio Olímpico João Havelange, interditado desde março

A reforma do Engenhão nem bem começou e já está atrasada. Os trabalhos para o reparo da cobertura do estádio, interditado desde março, deveriam ter sido iniciados em meados deste mês. O mês está quase no fim e, até agora, nenhum operário mexeu no teto da arena, a qual será palco das competições de atletismo da Olimpíada de 2016.

O cronograma (veja quadro abaixo) para o conserto da estrutura que sustenta o telhado do estádio foi divulgado no início de julho pela Prefeitura do Rio de Janeiro e o Consórcio Engenhão, formado pelas construtoras Odebrecht e OAS. O grupo de empresas terminou a obra da arena em 2007 e se comprometeu a resolver os problemas no estádio constatados neste ano.

De acordo com o plano para a reforma, a cobertura e os arcos que a sustentam receberão reforços para que o estádio possa voltar a receber jogos de futebol. Antes que isso seja feito, no entanto, o teto precisa ser escorado para que operários possam mexer nele.

É justamente esse escoramento que deveria estar sendo providenciado desde meados deste mês. Para o trabalho, porém, é necessária a montagem de guindastes ao redor do Engenhão. A montagem desses equipamentos ainda está em sua fase preliminar.

Nenhuma peça das máquinas foi posicionada no entorno da arena por enquanto. Até hoje, a única coisa que foi feita é a fundação necessária para a instalação dos equipamentos.

Segundo o UOL Esporte apurou, o atraso para início da reforma se deveu a ajustes no projeto da reforma. No começo de julho, quando o cronograma foi divulgado, a expectativa era que o Engenhão permanecesse interditado até o final de novembro de 2014 por causa dos reparos.

Ainda em julho, porém, o município divulgou informações diferentes. Confirmou a reforma até novembro. Entretanto, avisou que o Engenhão estará seguro para receber partidas de futebol ainda no primeiro semestre do ano que vem, antes do início do Campeonato Brasileiro, em maio.

VEJA O CRONOGRAMA DAS OBRAS NA COBERTURA DO ENGENHÃO

  • Reprodução

    O plano de reforma divulgado em julho pela Prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Consórcio Engenhão mostra o período de duração de cada etapa da obra. Na terceira linha abaixo da imagem, está descrito o planejamento para montagem das gruas (guindastes). O trabalho deveria ter começado no início de agosto. Até agora, nenhuma peça foi instalada. Só a fundação para a montagem do equipamento foi feita. A quinta linha trata do escoramento da cobertura, necessária para que operários possam mexer na estrutura. Esse trabalho deveria ter sido iniciado em meados deste mês. Isso não ocorreu.

Procurada pelo UOL Esporte, a Riourbe (Empresa Municipal de Urbanização) confirmou que o projeto de reforma do Engenhão segue sendo detalhado por equipes que trabalham no estádio. Esse trabalho deve acabar em novembro deste ano.

A companhia ainda negou atrasos na obra. Ela não se pronunciou sobre o início do escoramento da cobertura. "No momento, os operários trabalham a mobilização do canteiro de obras e na preparação do terreno para receber as gruas (guindastes), que ainda têm até outubro para serem concluídas", informou.

Indenização ao Botafogo

Enquanto o Engenhão não fica pronto, a prefeitura do Rio paga ao Botafogo uma indenização pelos prejuízos causados pela interdição. O clube tem um contrato com o município para administrar o estádio por 20 anos, renovável por outros 20.

Como o estádio está fechado, é a prefeitura quem arca com as despesas fixas de manutenção da arena: gastos com o gramado, sistema de ar condicionado, etc. Segundo o vice-presidente de futebol do Botafogo, Chico Fonseca, o município também cobre parte das perdas que o clube teve com patrocínios ou outros contratos.

Neste mês, por exemplo, o município se comprometeu a repassar R$ 4,2 milhões ao Botafogo. De acordo com a prefeitura, o valor é um ressarcimento dos gastos que o clube teve e terá com o Engenhão de março a dezembro deste ano.

Desse montante, cerca de R$ 950 mil já foram repassados ao Botafogo. O restante será dividido em parcelas mensais pagas ao clube.

Como o Engenhão permanecerá fechado até meados no ano que vem, isso quer dizer que novos pagamentos devem ser feitos pela prefeitura. Nem o Botafogo nem o município divulgam quanto, no total, será repassado ao clube.

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