Opositor questiona Nuzman e mostra que COB invadiu sede de confederação

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/ESPN Brasil

    Reprodução da imagens que mostra funcionários do COB tentando invadir sede da CBDG

    Reprodução da imagens que mostra funcionários do COB tentando invadir sede da CBDG

Eric Maleson, presidente da CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo) e opositor de Carlos Arthur Nuzman, foi à ESPN Brasil acusar seu rival político. Em entrevista à emissora de TV fechada, ele questionou um empréstimo feito pelo adversário e exibe um vídeo em que funcionários do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) entram na sede da entidade que ele comanda.

A reportagem exibe um vídeo gravado por uma câmara de segurança do prédio carioca que a abriga a sede da CBDG. Segundo Miguel Peres, coordenador-técnico da entidade, a invasão aconteceu no ano passado e foi comandada por funcionários do COB. Entre eles estaria Bernardo Chamis, diretor de compras e negócios do órgão, identificado por Peres.

"Eles tiveram de chamar quatro chaveiros, porque era um trabalho complicado. A nossa gravação tem mais ou menos uma hora. Eu consegui identificar o Emilio Strapasson [ex-interventor da CBDG nomeado pelo COB], o Marcio Albuquerque, advogado do autor da ação, e o Bernardo Chamis. Só não consegui identificar a quarta pessoa", disse Peres à ESPN Brasil.

O vídeo mostra pessoas tentando abrir as fechaduras de uma porta de vidro, que seria a da CBDG. A entidade vive um momento turbulento há vários meses. Uma ação movida pelo atleta de bobsled Edson Luques Bindilatti, que denúncia irregularidades na gestão de Maleson, fez o COB nomear Strapasson como interventor da confederação, decisão que posteriormente foi revertida na Justiça.

Questionado pelo UOL Esporte, o COB explicou o incidente. "O contrato de aluguel da sala em questão está em nome do COB, e o aluguel da sala também é pago pelo COB.O acesso à sala, que estava sem uso pela CBDG, se deu exclusivamente pela necessidade de realizar a verificação de documentos para o processo de auditoria na entidade, auditoria esta determinada pela Justiça e com prazos a serem cumpridos", disse a entidade, por e-mail. 

Segundo Maleson, tudo não passa de uma perseguição política, já que ele é o único adversário declarado de Nuzman. Nesta sexta, o cartola mais importante do esporte olímpico brasileiro deve ser reeleito mais uma vez no COB com o apoio de 29 de 30 confederação, exceção feita à CBDG, que chegou a organizar um grupo de oposição.

"Quando o Nuzman soube desses encontros, ele chamou um por um e dias depois nós recebemos telefonemas dizendo que esses presidentes não estariam mais interessados em formar uma chapa de oposição", explica Maleson sobre o processo que aconteceu ainda no primeiro semestre, quando os cartolas viviam a expectativa de que o COI (Comitê Olímpico Internacional) fizesse uma intervenção e impedisse que Nuzman acumulasse as presidências do COB e do Comitê Organizador dos Jogos de 2016.

Maleson vai ainda mais longe. Ele questiona um empréstimo feito pelo COB junto a um banco europeu que permanece anônimo no valor de R$ 77 milhões, segundo ele sem garantia financeira ou fiador. "Eu não aprovei isso, pelo que eu sei os outros presidentes não aprovaram isso. Eles fazem o que querem com o dinheiro? O déficit do exercício do Comitê de 2016 no fim de 2011 foi de R$ 76 milhões. Deve ser o motivo pelo qual eles pegaram os empréstimos", disse o cartola.

A última denúncia é de favorecimento. Segundo Maleson, o COB, por meio de seu diretor financeiro Sergio Lobo, pressiona para que as confederações contratem serviços de um contador indicado por ele, sob pena de perderem os repasses a que têm direito. "Eu perguntei: 'Quanto você cobra pelos seus serviços? R$ 4 mil'. Quer dizer, você está me obrigando a escolher uma empresa que me cobra R$ 4 mil se eu poderia pagar R$ 600?", questiona o cartola, referindo-se à Ecaff Consultoria, com sede no Rio de Janeiro. 

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