Candidato único, Nuzman é reeleito presidente COB e completará 21 anos no cargo

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • AFP/Will Oliver

    Carlos Arthur Nuzman deve permanecer na presidência do COB até 2016

    Carlos Arthur Nuzman deve permanecer na presidência do COB até 2016

Carlos Arthur Nuzman está oficialmente reeleito para a presidência do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Candidato único em eleição realizada nesta sexta-feira, Nuzman garantiu mais um mandato de quatro anos à frente da entidade e, com isso, chegará aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, há 21 anos consecutivos no comando do esporte verde-amarelo.

Ex-presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), Nuzman assumiu o COB em 1995. Nesta sexta, ele foi aclamado com 30 votos a seu favor, um contra ele e duas abstenções, em um colégio eleitoral com 33 eleitores. Apenas a CBF e CBVM (Confederação Brasileira de Vela e Motor) não compareceram e só Eric Maleson, da CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo), se opôs a Nuzman. Todos os outros presidentes de confederação, além do próprio Nuzman, seu vice André Richer e João Havelange, decidiram pela continuidade. 

Carlos Arthur Nuzman
Carlos Arthur Nuzman

"Queria agradecer o voto de confiança. Esse voto de confiança é muito grande e importante para o futuro do esporte brasileiro", disse Nuzman, que também é presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 e deve acumular as duas funções até meses após a Olimpíada do Rio.

João Havelange, inclusive, cometeu uma gafe após a votação. Na hora da contagem, quando percebeu que havia um voto contra Nuzman, ele se manifestou dizendo que cometeu um equívoco. Achando que o voto de "Sim" era contrário a Nuzman, ele achou que tinha sido o único discordante da eleição. "Fui eu o único que votou contra o Nuzman. Mas foi um erro. Então houve unanimidade", disse, ao pedir a palavra. O engano foi corrigido pelo presidente da CBV, Ary Graça, que estava presidindo a mesa de eleição: "Doutor Havelange, sim é sim". O voto de oposição era de conhecimento geral dos presidente, de Eric Maleson, da CBDG. Havelange, então, se desculpou pelo mal entendido. 

O cenário da eleição já era esperado. Antes da eleição, os 29 presidentes de confederação já haviam anunciado apoio a Nuzman, que desmembrou um grupo de oposição que ameaçava se formar no início do ano em torno de Eric Maleson, dos esportes no gelo, que tentou manter sua candidatura mas foi barrado por não atingir o apoio de 10 eleitores, como exige uma regulamentação interna do COB. 

A questão agora é saber se ele se sustentará nos cargos apesar das pressões. Político experiente, conhecido pelo estilo centralizador e impositivo, Nuzman está sob os holofotes como nunca em sua carreira. 

Nos últimos meses, o desempenho abaixo do esperado da delegação brasileira, a pressão política por alternância de poder no esporte e principalmente o escândalo de espionagem ao Comitê de Londres-2012 abalaram a força de Nuzman. A reeleição que deveria ser um momento de coroação e aclamação, na verdade, ajudou a colocar a gestão do presidente do COB sob profunda análise. 

Nesta semana o UOL Esporte mostrou, em diferentes reportagens, falhas na administração do cartola. Apesar do crescimento no número de pódios olímpicos, Nuzman fez crescer o custo de cada medalha em 2.800%, considerando a enorme injeção de recursos públicos no esporte. Além disso, ainda gastou além do previsto da Lei Piva, principal fonte de renda do setor, em itens burocráticos, usando a divisão da receita como forma de centralizar o poder e garantir sua continuidade. 

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