Atrito entre Paes e Rio-2016 marca visita do COI ao Brasil; veja bastidores

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski/UOL

    Pref. Eduardo Paes (dir.) conversa com representantes do COI e Nuzman no Parque Olímpico

    Pref. Eduardo Paes (dir.) conversa com representantes do COI e Nuzman no Parque Olímpico

Um atrito entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016 marcou os três dias de visita da diretoria do COI (Comitê Olímpico Internacional) à capital fluminense nesta semana. De quarta a sexta-feira, a Comissão de Coordenação do COI para a próxima Olimpíada esteve no Rio para monitorar os preparativos do evento. Enquanto políticos e organizadores tentavam convencer os membros do comitê olímpico que tudo anda bem, eles próprios divulgavam informações desencontradas sobre os Jogos.

Foi isso o que ocorreu quando prefeitura e Rio-2016 se pronunciaram sobre uma proposta de mudança de local da Vila de Árbitros e Mídia dos Jogos. O Comitê Rio-2016 chegou a anunciar a transferência da acomodação via twitter. O prefeito negou e ainda deu uma bronca no comitê. "quem tuitou está precisando aprender um pouco mais sobre organização de Jogos Olímpicos", disse.

Esse, porém, foi só um dos bastidores da visita do COI ao Rio de Janeiro. O UOL Esporte acompanhou toda a passagem da comitiva do comitê olímpico pela cidade. Saiba mais sobre o que aconteceu:

Paes x Comitê Rio-2016 – 1º Round

As reuniões entre os membros do COI e os organizadores da Rio-2016 começou envolta em uma polêmica sobre a Vila de Árbitros e Mídia. Dias antes dos debates, o jornal "O Globo" publicou uma nota dizendo que a instalação sairia da região portuária do Rio e iria para a zona oeste.

O vazamento da notícia desagradou o prefeito Eduardo Paes, idealizador da mudança. Paes disse que a discussão do assunto via imprensa era uma indelizadeza com o COI, já que órgao precisava avaliar a transferências antes de ela ser confirmada. O prefeito desconfia que o vazamento das informações sobre a vila partiu de dentro do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016.

Paes x Comitê Rio-2016 – 2º Round

Mal as reuniões haviam começado, o Comitê Rio-2016 anunciou em seu twitter oficial que a saída da Vila de Árbitros e Mídia havia sido confirmada. Minutos depois, retiraram a postagem do ar. A informação publicada estava incorreta. Até aquele momento, mudanças em locais de acomodação nem haviam sido discutidas com o COI. Portanto, a transferência não poderia ter sido definida. 

O Comitê Rio-2016 antecipou-se mesmo aos fatos. Mais: anunciou mudanças em projetos que nem são tocados por ele. A construção da Vila de Árbitros e Mídia está sob monitoramento da prefeitura, ou seja, de Paes.

Paes x Comitê Rio-2016 – Nocaute

O erro deixou Paes furioso com o Comitê Rio-2016. Ao deixar a sede do órgão, local em que as reuniões com o COI estavam sendo realizadas, ele afirmou: "Esse tuíte está tão equivocado que nem o número de quartos informado está correto. Isso só mostra que quem tuitou está precisando aprender um pouco mais sobre organização de Jogos Olímpicos."

De fato, a informação estava incorreta. Tão incorreta que a comitiva do COI deixou o Rio de Janeiro sem confirmar se a Vila de Árbitros e Mídia sairá mesmo da região portuária. A decisão deve ser anunciada nas próximas semanas.

Pé frio

Alguém da comitiva do COI deve ter um baita pé frio. Em janeiro, quando membros do comitê olímpico estiveram no Rio acompanhando o presidente da entidade, Thomas Bach, um acidente paralisou a circulação dos trens na cidade por quase 12 horas. Dois meses depois, a visita do COI ao Rio foi realizada durante uma onda de ataques a UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

A presidente da Comissâo de Coordenação do COI para a Rio-2016, Nawal el Moutawakel, disse estar triste com a violência na cidade-sede dos próximos Jogos Olímpicos. Disse também que confia nas autoridades e que a segurança da Olimpíada estará garantida.

Governador ausente

Preocupado com essa onda de ataques à polícia, o governador Sérgio Cabral não deu as caras em nenhuma das sessões de debate sobre os preparativos do Rio para a Olimpíada. Cabral é o responsável pela maior obra olímpica em execução na cidade: a construção da Linha 4 do Metrô, orçada em R$ 8,5 bilhões. Na sexta-feira, enquanto a comissão do COI encerrava sua visita ao Rio, Cabral estava em Brasília solicitando apoio de tropas federais para a solução da crise das UPPs cariocas.

Presente, mas ausente

Henrique Meirelles, presidente do Conselho Público Olímpico (grupo que, entre outras coisas, decide que obras serão feitas para a Olimpíada e quem as paga), apareceu no Comitê Organizador Rio-2016 durante o último dia de reuniões com o COI. Contudo, nem chegou a participar de uma sessão. Foi só para uma reunião paralela do conselho, que durou cerca de uma hora.

Horas depois de Meirelles partir, o COI fez duras cobranças sobre a organização da Rio-2016. O órgão afirmou que nem todos os gastos e responsabilidades do evento estão definidos. Tudo isso, segundo o COI, já deveria estar esclarecido na Matriz de Responsabilidades do evento, a qual foi apresentada em janeiro deste ano. Foi Meirelles quem presidiu a sessão do Conselho Olímpico que definiu essa matriz.

Ausência ucraniana

A lenda do salto com vara Sergey Bubka não veio ao Rio de Janeiro. O ucraniano, membro da Comissão de Coordenação do COI para a Rio-2016, resolveu ficar em sua terra natal, que passa por um crise política e uma tensão militar. Bubka, aliás, é ativista por um movimento para paz na Ucrânia, o Cartão Branco.

Esporte? OK

A Prefeitura do Rio de Janeiro conseguiu solucionar três problemas relacionados a obras de instalações esportivas na semana da visita do COI à cidade. Encerrou a licitação para a compra do Centro Aquático; contratou a empresa que fará a construção do Centro de Handebol, cuja licitação havia fracassado meses antes; e deu início à obra do novo Velódromo.

A solução desses problemas foi citada por membros do COI como um avanço da preparação da cidade para a Olimpíada de 2016.

Deodoro? OK

A comitiva de diretores do COI visitou pela primeira vez nesta semana o Parque de Deodoro, local que vai abrigar competições de 13 modalidades olímpicas. Até agora, nenhuma obra necessária para os Jogos começou por lá. Quem acompanhou os membros do comitê no passeio, entretanto, disse que eles saíram satisfeitos.

Nawal ressaltou, entretanto, que a obra estará permanentemente sob pressão. Afinal, seu início está tão atrasado que já não há um minuto a perder. No que diz respeito a Deodoro, aliás, todos concordam. A obra do parque tem mesmo um prazo bem apertado.

COMITÊ RIO-2016 VAI GASTAR R$ 7 BILHÕES

  • Quatro anos após o Rio de Janeiro ser eleito sede da Olimpíada de 2016, o comitê organizador do evento finalmente divulgou seu primeiro orçamento dos Jogos. O órgão, que será o responsável pela operação do evento (alimentação de atletas, equipamentos esportivos, etc), informou que pretende gastar R$ 7 bilhões para cumprir com suas obrigações olímpicas. E mais: não usará nenhum recurso público para isso.

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